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Preço máximo do botijão segue em R$ 100 mesmo após isenção de impostos
Economia

Preço máximo do botijão segue em R$ 100 mesmo após isenção de impostos

Mercado internacional tem efeito maior sobre os valores aplicados no GLP e reverte intenção de baixa do governo
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Auxílio é bimestral e vai beneficiar mais de 5,62 milhões de pessoas com parcela de R$ 109 (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Auxílio é bimestral e vai beneficiar mais de 5,62 milhões de pessoas com parcela de R$ 109

A isenção de PIS/Cofins feita pelo Governo Federal para reverter as altas no preço do gás liquefeito de petróleo, o gás butano, não surtiram efeito esperado e, na última semana, o preço médio do botijão de 13 quilos no Ceará se manteve caro, avançando R$ 0,02, de R$ 88,03 para R$ 88,05. O número coloca o Ceará como o mais caro do Nordeste e o sétimo do País.

Os dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) ainda mostram que o valor máximo cobrado pelo produto encontra-se nos R$ 100 há três semanas, em uma onda de elevação de preços que acumula uma variação de 4,42%.

Para o especialista em petróleo e gás Ricardo Pinheiro, a política internacional de preços adotada pela Petrobras dita o ritmo das altas do GLP e se sobrepõe à desoneração de impostos devido à defasagem dos preços operados no Brasil frente aos do exterior. Ele ainda analisa que, assim como nos combustíveis, há margem para que o botijão de gás fique mais caro nas próximas semanas.

"A gente ainda tem uma defasagem ante o mercado internacional. A Petrobras tem autorização do governo de deixar os preços no mercado nacional compatíveis com o internacional e isso é uma exigência do investidor", afirma, explicando que o mercado se orienta pela soma do barril de petróleo - cada dia mais caro, girando em torno de US$ 70 -, o câmbio e também as pressões dos investidores que possuem papéis da companhia.

Mas Pinheiro observa que, caso a companhia quisesse abandonar essa metodologia e manter os lucros, seria possível: "O preço do combustível poderia ser muito mais barato no Brasil se não seguisse essa política e não haveria prejuízo. Para você ter uma ideia, o preço do barril de petróleo, que serve de referência para o GLP e os combustíveis, é de cerca de US$ 70,00. A Petrobras produz, aqui no Brasil, a US$ 5,00. Ela ganha US$ 65,00. A margem é enorme. Se ela considerasse os valores de distribuição e refino e vendesse o barril por US$ 25, já estaria ganhando dinheiro".

Uma mudança nessa lógica, no entanto, é esperada para o próximo mês, quando acontece a mudança no comando da Petrobras. A decisão foi do presidente Jair Bolsonaro, o qual justificou a medida justamente falando da política de preços da companhia. As declarações motivaram desconfiança no mercado, o que casou um dos maiores tombos da Petrobras nas bolsas de valores.

Episódios semelhantes podem ocorrer no futuro, na avaliação do consultor, afinal, que aponta a necessidade de uma política clara de atuação pela companhia: "Hoje, a Petrobras vive um conflito. Não sabe se é estatal, se é uma empresa de mercado. Há um mês atrás olhava para o mercado. Agora, já é uma empresa que olha a gente não sabe pra onde. Então, essa intervenção na política da empresa é muito ruim, muito prejudicial. É preciso tomar uma decisão".

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