A França anunciou na última terça-feira, 13, que suas fronteiras estão fechadas para voos vindos do Brasil. O país se junta a outros europeus, como Portugal, Holanda e Espanha, que restringiram as rotas com o Brasil pelo risco de contágio pela cepa P1 oriunda de Manaus. O impacto para a aviação cearense é notória. Ao todo, quatro companhias estrangeiras (que são oriundas dos países citados) e três nacionais que operam rotas internacionais a partir do Aeroporto de Fortaleza, atualmente todas estão sem voos. O POVO realizou levantamento com as companhias e a previsão de retorno para as que dão alguma previsão é para o fim do segundo semestre deste ano a depender da condição da pandemia no País.
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De acordo com a Fraport Brasil - Fortaleza, administradora do Pinto Martins, a estimativa de voos para o mês de abril é de 1.203 voos, uma média de 40 voos por dia, todos nacionais. A expectativa é de ter movimentação de aproximadamente 6 mil passageiros por dia neste mês. A empresa ainda destaca que, "neste momento, não temos previsão de voos internacionais regulares de passageiros em Fortaleza."
Em comunicado em que se posiciona após a decisão do governo francês, a Air France ressalta que a decisão governamental é por tempo indeterminado e informará todos os clientes impactados. Sobre a retomada a Fortaleza, a aérea lembra que o retorno em junho não será mais possível. "Air France seguirá acompanhando as determinações do governo francês para definir e adaptar sua malha."
Esse cenário negativo se arrasta desde o início da pandemia. A queda dos voos e movimentação de passageiros, já faz até com que a administradora do aeroporto, busque um novo acordo de reequilíbrio financeiro pelo segundo ano consecutivo, nos moldes do que foi acertado em 2020, que corrigiu em mais de R$ 94 milhões o contrato pela depreciação causada pela pandemia e consequente redução de voos e passageiros.
Em entrevista ao O POVO no fim de fevereiro, a diretora comercial e de operações (COO) da Fraport Brasil, Sabine Trenk, destacou que a queda do fluxo foi superior a 56% no ano passado e, na sua avaliação, o cenário deve continuar parecido neste primeiro semestre.
De acordo com dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA na sigla em inglês - International Air Transport Association), o ano de 2021 continua com demanda diminuta de passageiros e caiu em fevereiro passado tanto na comparação com os níveis pré-pandemia quanto com o mês de janeiro.
As viagens aéreas internacionais apresentaram queda de 74,7% na comparação entre fevereiro de 2021 com o mesmo mês de 2020. O desempenho de todo o mercado mundial foi negativo. A Iata ainda registrou que o mercado doméstico brasileiro também apresentou queda de demanda na casa dos 35% no mesmo período.
"Dois componentes importantes precisam ser desenvolvidos com urgência para retomada eficientes das viagens aéreas. O primeiro é a definição de padrões globais para certificados digitais de teste e/ou vacinação da Covid-19. O segundo é um acordo do governo para aceitar certificados digitais. Nossas experiências até o momento mostram que os sistemas baseados em papel não são uma opção sustentável. São vulneráveis a fraudes", destaca o diretor geral da Iata, Willie Walsh.
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O temor dos europeus e, mais especificamente dos franceses, é a variante em circulação no Brasil. Por sinal, no pronunciamento em que fecha as fronteiras da França por tempo indeterminado, o primeiro-ministro Jean Castex, citou a ameaça das variantes brasileiras, como a P1, descoberta em Manaus, associada a maior transmissibilidade e letalidade. No Ceará, a decisão francesa fecha todas as possibilidades de brasileiros entrarem na Europa, agora só devem voar entre os destinos voos de repatriação de cidadãos europeus. "Sem saúde não tem turismo", lamentou o titular da Secretaria do Turismo do Ceará, Arialdo Pinho, que ressalta que o turismo mundial só deve reaquecer quando a crise sanitária for superada e o turista retome a segurança em viajar.
A TAP opera voos diretos entre Fortaleza e Lisboa e desde o fim de janeiro suspendeu a rota. A fronteira entre os países está fechada após determinação do governo português, que vem renovando a determinação desde então. A Air Europa, por exemplo, que opera a rota Fortaleza-Madri (Espanha), informou ao O POVO que só deve retomar as operações no Pinto Martins em dezembro caso a situação da pandemia tenha melhorado e as fronteiras entre os países estejam abertas. Desde o ano passado, a companhia mantinha a postura de retomar a rota em março passado, mas os planos mudaram por conta da doença.
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Para atender às demandas do Ceará, a Air Europa destaca que conta com parcerias estratégicas com a Gol e com a Azul para conectar os passageiros com as atuais frequências em operação saindo de Guarulhos-SP, com destino a Madri, duas vezes por semana, às terças e quintas.
"A pandemia representa um grande desafio para o setor aéreo e a Air Europa tem observado o mercado cotidianamente para que possa retomar suas operações com segurança e qualidade o quanto antes. No momento, nossa previsão de retorno para Fortaleza é em dezembro de 2021, com duas frequências semanais. Com o avanço das campanhas de imunização, importante aliada no combate ao vírus, é possível revisitar as expectativas para a retomada", diz em nota.
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Aéreas brasileiras não dão data para retorno de voos internacionais
Das aéreas nacionais, a Azul respondeu ao O POVO que sua rota com destino a Caiena (Guiana Francesa) segue sem previsão de retorno. Já a Gol espera que os voos para Buenos Aires (Argentina) e Orlando e Miami (ambas nos Estados Unidos) sejam retomados no segundo semestre, mas ainda não há data confirmada.
JERICOACOARA
Os voos da Gol para Jericoacoara foram suspensos temporariamente pela companhia aérea. A empresa promoveu uma série de suspensões temporárias de rotas que opera no Brasil e informou que deve ainda retomar a rota assim que julgar procedente.
DECLARAÇÃO
"Nossa economia não depende do turismo", foi o que declarou o embaixador do Brasil na França, Luís Fernando Serra, em entrevista à mídia francesa. Ele ainda negou categoricamente a responsabilidade do presidente Jair Bolsonaro na crise sanitária que o País enfrenta e ainda disse que a culpa era "da esquerda" que não construiu hospitais.