O presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, propôs incrementar em, pelo menos, R$ 6 milhões o programa Salvando Vidas no Ceará, que custeia a instalação de usinas de oxigênio hospitalar, em formato de financiamento misto (matchfunding), como meio de minimizar a escassez do insumo no tratamento da Covid-19.
A proposta foi apresentada ontem em reunião virtual do movimento Respira, Ceará, encabeçado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa-CE), pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil Portugal (CBPCE), além da própria Fiec. Já o programa propriamente dito é uma iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O Salvando Vidas estabelece que para cada R$ 1 doado por empresas e outras entidades da sociedade civil para a construção de usinas de oxigênio, o banco de fomento entra com mais R$ 1. A cota mínima de doação, contudo é de R$ 100 mil. O valor médio para instalar uma miniusina com capacidade para produzir 20m³/s de oxigênio é de R$ 600 mil. Pela proposta do presidente da Fiec, as doações feitas antes da implantação do programa também seriam consideradas no matchfunding.
“Na reunião de hoje, eu fiz a seguinte colocação: o setor industrial doou, recentemente ao Estado, quase 300 leitos. É um investimento altíssimo que o BNDES poderia considerar como contrapartida porque é algo tão importante quanto uma central de oxigênio. E se isso for aceito, já seria um incremento de quase R$ 6 milhões, o equivalente a dez miniusinas de oxigênio”, defendeu Ricardo Cavalcante. Ele ressaltou que a ideia é produzir o gás em todas as macrorregiões de saúde do Ceará.
Quem também já manifestou interesse em doar recursos para construção desse tipo de equipamento foi o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE). O anúncio foi feito também na reunião virtual de ontem pelo procurador-geral de Justiça, Manuel Pinheiro. Segundo ele, até 6 microusinas poderiam ser construídas com verbas do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos e, assim, outras 6 seriam financiadas pelo BNDES.
Já para Wandorcy Romero, presidente da CBPCE, “o objetivo do programa ‘Respira, Ceará’ é conscientizar a sociedade da questão urgente que envolve o oxigênio. Há muita sensibilização com a questão da fome, mas ainda há pouca sobe quem está morrendo sem ar nos hospitais”. Ele acrescenta que há a intenção de envolver também os colaboradores das empresas, com a possibilidade de que as doações de pessoas físicas sejam até quadruplicadas pelo banco.
Entre os primeiros resultados do movimento no Ceará, duas miniusinas com capacidade para produzir 30m³/s de oxigênio foram doadas para os municípios de Sobral e de Quixadá por meio das contribuições da Heineken e da Omega Energia, respectivamente, na semana passada.
Da parte do governo do Estado, participaram da reunião virtual de ontem a vice-governadora do Ceará, Izolda Cela, o secretário da Saúde do Estado, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho (Dr. Cabeto), com mediação do secretário de Assuntos Internacionais, César Ribeiro.
Para a vice-governadora, Izolda Cela, “é muito importante a cooperação do setor privado. Nós seremos uma sociedade melhor quando tivermos mais maduros e avançados nesse grau de engajamento e colaboração”.
Já o secretário de Saúde, Dr. Cabeto, informou que 42 municípios cearenses necessitam da instalação de usinas de oxigênio e que a iniciativa pode beneficiar permanentemente 4 milhões de pessoas.