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Empresas buscam acordos coletivos enquanto esperam retorno de programa federal
Economia

Empresas buscam acordos coletivos enquanto esperam retorno de programa federal

Industriais cobram retorno do programa federal de manutenção dos empregos. Queda de demanda do comércio por conta do lockdown deixou estoques cheios nas indústrias, mas demanda continua baixa
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Vulcabras anunciou que trabalhadores da fabrica de calçados no Ceará receberão férias coletivas por conta da pandemia. (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Vulcabras anunciou que trabalhadores da fabrica de calçados no Ceará receberão férias coletivas por conta da pandemia.

Ainda impactados pelo longo período de lockdown, empresários de setores da indústria cearense estão com as contas apertadas e buscam sindicatos para acordos de férias coletivas para os funcionários. Eles justificam afirmando que a demanda foi praticamente nula por mais de um mês por conta do isolamento rígido que fechou o comércio e, mesmo com a retomada, a demanda não vem sendo capaz de diminuir os estoques, muito menos justifica manter uma produção em força integral. Agora, segmentos da indústria como o calçadista e o de confecções, dois dos que mais empregam no Ceará, começam a anunciar o fechamento de acordos.

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Um desses acertos para férias coletivas praticamente acertado é entre o sindicato dos industriais do setor de confecções e o sindicato laboral. O presidente do Sindicato das Indústrias de Confecção do Ceará (Sindconfecções-CE), Elano Martins, explica que atualmente os estoques estão lotados, pois, enquanto o varejo esteve fechado, a indústria continuou produzindo e não houve vazão.

Elano destaca que os sindicatos laborais já aceitaram a proposta do sindicato e o acordo deve ser avalizado em breve. O objetivo com a ação, segundo ele, é evitar demissões. Os empresários do setor estão com as contas pressionadas, pois, diferente do período do primeiro lockdown e retomada das atividades em 2020, neste ano não temos em vigor o Programa Emergencial para Manutenção de Empregos e da Renda, o programa BEm, do Governo Federal.

"Nós estamos neste momento assinando acordo com sindicato laboral para Fortaleza e cidades do Interior, pedindo o adiantamento de férias para evitar demissões. O mercado está muito ansioso para que o Governo Federal chegue com alguma medida de apoio que esperamos", afirma.

Elano explica que as indústrias do Ceará atendem não só ao Estado mas também têm negócios em todo Nordeste e no Norte, que enfrentam situações semelhantes de fechamento das atividades comerciais. As vendas online, única saída para continuar em atividade na pandemia, não são suficientes para restabelecer o patamar de demanda, destaca. "Nós não tínhamos o que fazer, vender para quem?", complementa.

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A fábrica da Vulcabras no Ceará e na Bahia adiantaram as férias dos funcionários por um período de 14 dias a partir da segunda-feira, 19. O POVO apurou que a dona de marcas como Olympikus e Mizuno resolveu adiantar as férias previstas para o segundo semestre. Em nota, a empresa destaca que "sabe da gravidade do momento, mas reitera seu otimismo e compromisso com seus colaboradores, comunidades, fornecedores, parceiros, clientes e com o Brasil."

De acordo com o portal Uol, os funcionários das fábricas cearenses da Grendene foram beneficiados com acordo feito com o Sindicato dos Sapateiros que permitiu a suspensão de 478 contratos de trabalho de funcionários do grupo de risco. A empresa dona das marcas Melissa e Rider destacou que pode incluir mais empregados na ação neste mês e complementar o valor da bolsa de qualificação para equiparar o benefício ao salário líquido dos funcionários. O POVO buscou a Grendene para saber se a empresa já está com acordo para ampliar a quantidade de funcionários que terão contratos suspensos ou entrarão de férias, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.

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A retomada do programa do Governo Federal é considerada muito necessária pelo diretor do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), Cláudio Gonçalves. Ele lembra que as empresas não foram beneficiadas com uma nova rodada de benefícios como em 2020.

A previsão do Ministério da Economia é liberar R$ 10 bilhões em recursos para a retomada do programa BEm, valor bem aquém dos mais de R$ 51 bilhões liberados em 2020. Cláudio diz que as contas públicas estão ainda mais apertadas que no ano passado, mas a situação dos empresários também é pior, pois, com o auxílio emergencial bem menor, a atividade econômica não deve ficar aquecida, fora o fato de que programas de financiamentos incentivar, benefícios financeiros e fiscais para setores não foram anunciados ainda.

"Sob o ponto de vista da pessoa jurídica, a situação é pior do que o ano passado. São vários segmentos da economia que dependiam desses benefícios e que em 2021 não teremos os benefícios, nem o mercado pujante. A situação é bem crítica", analisa.

ACORDOS

De acordo com dados do Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em março foram firmados 147 acordos com redução de jornada ou a suspensão de contratos na plataforma do Ministério da Economia.

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