O desempenho da indústria cearense é o melhor caso de recuperação da pandemia, segundo afirmou o economista Ricardo Amorim. De acordo com ele, o desempenho da produção acumulada neste ano dos setores têxtil (28,5%), de couro (18,2%) e químico (52,8%) sinalizam resultados melhores que a média nacional no segundo semestre e devem impulsionar o setor no Estado. Ele aponta a segunda metade do ano como período de avanço na economia por efeito da vacinação.
"Primeira coisa que eu queria falar é que a recuperação da indústria do Ceará, neste ano, está muito mais forte do que da indústria brasileira como um todo e ainda mais forte do que a indústria nordestina. Em geral, a recuperação do Nordeste está abaixo da média do Brasil. Há exceções, Pernambuco é uma delas, mas o melhor caso disparado é o caso do Ceará, que está muito além da média nordestina, que multa além do Brasil", afirmou durante a live "Indústria em novos tempos", promovida pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).
Ao apontar para os setores mais aquecidos neste ano (químico, têxtil e couros), ele aposta numa preparação para a demanda futura dos consumidores, no período de abertura mais plena dos negócios no Estado e no País como um todo. Amorim ainda reconheceu o potencial da produção de frutas e energias renováveis do Estado, que projetam um valor agregado ainda maior da produção local no futuro.
Já sobre a baixa observada na indústria alimentícia (-18,5%), impactada pelo boom das commodities e a suspensão do auxílio emergencial entre janeiro e abril de 2021, Amorim afirmou que deve ter uma mudança neste movimento após a aprovação da segunda etapa do benefício.
"Então, olhando pros próximos meses e trimestres, esse setor (alimentação) também vai melhorar, como os outros que eu falei, mas ainda assim o resultado do ano não vai ser tão bom quanto que a gente viu no ano passado, ao contrário", pondera.
O economista, considerado o mais influente do Brasil pela Forbes, ainda fez alertas aos industriais presentes na transmissão. Segundo aconselhou, os empresários cearenses devem se preparar para uma inflação mais alta do que a projetada para o País pelo mercado. Uma das explicações está no aumento dos custos de produção para indústria, desproporcionais aos medidos para o consumidor final.
Mais um alerta refere-se ao dólar. A moeda, na análise dele, deve iniciar um movimento de queda, "que só não vai acontecer se tiver crise interna ou aumento da pandemia".
"O que me preocupa um pouco é que olhando para as próximas semanas, talvez para os próximos 1 ou 3 meses, é se essa reabertura pode potencialmente, em algum momento, gerar de novo um aumento grande de contaminação. Mas eu não tenho dúvida que venha uma melhora definitiva aí ao longo do segundo semestre", afirmou, aconselhando aos industriais estarem prontos para uma melhora nos meses de maio e junho, mas com ressalvas.
Para Amorim, apenas o surgimento de uma nova variante do coronavírus imune às vacinas dadas atual pode impedir a retomada nessas condições.
O economista ainda afirmou que “há condições políticas” para aprovar reformas estruturais importantes para a retomada da economia, como a Reforma Administrativa. As ressalvas dele são sobre projetos que não serão apoiados pelo grupo político conhecido como “Centrão”, a exemplo das privatizações e da Reforma Tributária.