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Bitcoin eleva emissão de carbono e aumenta o risco do investimento na moeda
Economia

Bitcoin eleva emissão de carbono e aumenta o risco do investimento na moeda

Uma pesquisa concluiu que a criptomoeda aumenta o risco sobre o cumprimento das metas climáticas pela alta demanda de energia fóssil na sua mineração
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A declaração foi feita durante uma conversa com Chris Anderson, o chefe de conferências da TED, e publicada nessa segunda-feira, 18. (Foto: AFP)
Foto: AFP A declaração foi feita durante uma conversa com Chris Anderson, o chefe de conferências da TED, e publicada nessa segunda-feira, 18.

O risco de investir em Bitcoin tem aumentado, não somente porque Elon Musk, CEO da Tesla, publicou contra o prejuízo que a mineração da criptomoeda causa ao meio ambiente, mas pelas evidências sobre o alto uso de energia fóssil deste processo, na contramão do olhar para a sustentabilidade.

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Musk destacou, na quinta-feira, 13, que a empresa está preocupada com o crescimento acelerado do uso destes combustíveis para mineração e transação do Bitcoin, especialmente de carvão. No primeiro momento, a queda do ativo foi superior a 10%.


Mesmo assim, no Twitter, o CEO da Tesla destacou que considera o mercado de criptomoedas uma boa ideia, mesmo que tenha suspendido a venda de veículos pelo ativo pouco menos de dois meses do início da medida.

Acrescentou ainda que pretende utilizar os recursos para transações "assim que a mineração da moeda for voltada para energia sustentável". Musk adquiriu, em fevereiro deste ano, US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 8 bilhões) em Bitcoins. Mas, ontem, o executivo deu a entender que a empresa vai se desfazer de seus Bitcoins, o que mais uma vez movimentou a comunidade dos "bitcoiners".

Não apenas Musk, mas o mercado se deparou com estudo da Nature, que derrubou mais a imagem da moeda, já bastante conhecida por sua volatilidade. A pesquisa destaca que o alto consumo de energia exigido pela mineração de Bitcoin fará com que as metas de combate à mudança climática fiquem em risco. O levantamento chegou a essa conclusão porque cerca de 80% das moedas mineradas no mundo vêm da China, país em que 40% do consumo de eletricidade são usados para essa finalidade e provêm da queima de carvão.

Se continuar neste ritmo, para a Nature, apenas a mineração de Bitcoins na China gerará 130,5 milhões de toneladas métricas de emissões de carbono até 2024, quase tanto quanto a totalidade das emissões de países como Itália e Arábia Saudita.

Ao analisar o estudo, o doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) e professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Vivaldo José Breternitz, destaca que não é somente a mineração a única ação nociva, já que o resultado revela ainda que empresas chinesas, com acesso à eletricidade e hardware baratos, processaram cerca de 79% das operações globais com Bitcoins em abril de 2020.

"O governo chinês tentou, sem sucesso, desestimular a mineração de Bitcoins por meio do aumento de impostos para os mineradores, porém os altos lucros trazidos pela atividade tornaram essa medida inócua. Curiosamente, a China proibiu o comércio de criptomoedas em 2019 para evitar a lavagem de dinheiro, mas a mineração continua permitida", afirma Breternitz.

Vale destacar que, nos últimos meses, impulsionados por investimentos das grandes empresas, como a Tesla, Visa e Pay Pal, muitas outras seguiram esse exemplo, inclusive brasileiras, como o Mercado Livre, que anunciou a compra de R$ 40 milhões em Bitcoins, cerca de 8 milhões de dólares.

"A compra de Bitcoins do Mercado Livre não é uma surpresa para quem está acompanhando o mercado: a criptomoeda vem se tornando cada vez mais uma reserva de valor para grandes empresas, principalmente as de tecnologia. É apenas questão de tempo para que as big techs, como a Amazon, Apple, Google, Microsoft e companhia entrem no 'jogo'. O que atrai as empresas a comprarem Bitcoin é a sua escassez, portabilidade, imutabilidade e seu processo de deflação. Para elas, é muito mais atrativo manter Bitcoin em caixa do que moedas fiduciárias", destaca o CEO da Brasil Bitcoin, Marco Castellari.

Apesar de polêmicas em torno da moeda, o pesquisador em Segurança da Informação do Instituto Atlântico, Ramon Martins, não acredita que possa haver uma debandada de empresas deixando o uso do Bitcoin como meio de troca ou forte desvalorização.

"Independentemente da Tesla aceitar ou não criptomoeda, a mineração do Bitcoin tem um limite e quando esse limite for alcançado, não será necessário computadores potentes, pois a única forma de aumentar o valor da sua carteira será participar de transações, já que a mineração não vai existir mais".
Ramon destaca que criptomoedas como Bitcoin e Ether (da Blockchain Ethereum) não vão deixar de existir de um dia para outro, "são criptomoedas consistentes e vão continuar independentemente do apoio de grandes empresas".

INFORMAÇÕES IMPORTANTE PARA DECLARAR BITCOINS

O investidor em moedas digitais precisa ter uma "fotografia" de seu patrimônio no fechamento do ano, em 31/12, e deverá declarar o valor superior a R$ 5 mil.

É necessário também preencher o Demonstrativo de Apuração do Ganho de Capital, sempre que as alienações mensais de bens da mesma natureza (criptomoedas diversas) for superior a R$ 35 mil. Este demonstrativo deverá ser depois exportado para a DIRPF.

Para quem opera em corretoras estrangeiras: preencher informações mensais sobre suas operações no portal e-CAC (site da Receita Federal). Devem apresentar essa declaração mensalmente as pessoas físicas que façam qualquer operação via P2P (pessoas para pessoas) ou via corretoras no exterior que, somadas, ultrapassem R$ 30 mil
por mês.

Segundo a Receita Federal, as alíquotas de imposto de renda para ganhos de capital são de 15% para até R$ 5 milhões; 17,5% para a parcela dos ganhos que superar R$5 milhões e for inferior a R$10 milhões; 20% para a parcela dos ganhos que superar R$10 milhões e for inferior a R$30 milhões e 22,5% para a parcela dos ganhos que superar R$30 milhões.

Fonte: Pedro Chimelli, advogado associado da Levy & Salomão Advogados

IMPACTO DA MINERAÇÃO DE BITCOIN

De acordo com o estudo da Nature, além da mineração de bitcoins na China gerar 130,5 milhões de toneladas métricas de emissões de carbono até 2024 caso seja mantido o ritmo atual,no mundo, 0,6% da energia gerada deverá ser consumida pela mineração. Isso representa uma proporção energética maior do que a demanda da Noruega, que tem alto consumo de energia em função do clima frio.

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