Logo O POVO+
Com novo Bolsa Família em formulação, prorrogação do auxílio divide opiniões
Economia

Com novo Bolsa Família em formulação, prorrogação do auxílio divide opiniões

|POLÍTICA SOCIAL| Principal questionamento é sobre a ideia de se criar o programa já a partir de setembro, em vez de se estender atual rodada do benefício emergencial
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Prorrogação do novo auxílio vem nos mesmos moldes, sem mudança nos valores (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Prorrogação do novo auxílio vem nos mesmos moldes, sem mudança nos valores

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu ontem a prorrogação por, pelo menos, dois meses do auxílio emergencial, antes do lançamento do ‘novo Bolsa Família’. A fala de Guedes ocorre um dia depois de entendimento contrário declarado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).


O deputado federal argumentou na segunda-feira, 7, que o novo programa social deve ser votado antes do recesso parlamentar, a fim de entrar em vigor ainda em 2021, e não esbarrar nas limitações legais de um ano eleitoral. Por sua vez, a equipe econômica do Governo Federal sustenta que há um saldo de R$ 7 bilhões, dos R$ 44 bilhões aprovados para o pagamento do auxílio emergencial, relacionado ao fato de menos famílias terem entrado na nova rodada do que o previsto inicialmente.

Ainda segundo o Ministério da Economia, seria necessário um investimento extra de R$ 11 bilhões (fora do Teto de Gastos) a fim de dar segurança aos beneficiários, enquanto a vacinação avança no País. Os valores seguiriam os mesmos que já vem sendo pagos a 39 milhões de brasileiros (sendo cerca de 2 milhões de cearenses) desde abril, variando entre R$ 150 e R$ 375. A prorrogação do auxílio também daria mais tempo para a formatação do ‘novo Bolsa Família’, que deve ter mecanismos de estímulo ao mérito escolar e de saída gradual do programa.

Mas a extensão ou não do auxílio emergencial até setembro (ou outubro) e a reformulação do principal programa de transferência de renda brasileiro no período pré-pandêmico não geram divergências apenas entre Lira e Guedes. Economistas ouvidos por O POVO também têm visões diferentes sobre a questão.

Para a coordenadora do Laboratório de Estudos da Pobreza da Universidade Federal do Ceará (LEP-UFC) em Sobral, Alessandra Araújo, “o auxílio abarca também quem estava invisível na informalidade, não dependia do Governo, mas que se viu impossibilitado de trabalhar e agora está passando fome”.

Com base nesse raciocínio ela sustenta que “o governo deveria seguir na linha do auxílio emergencial enquanto estivermos em pandemia. Na medida em que a crise sanitária for embora e a economia estiver sendo restabelecida, o desemprego vai reduzir e isso também vai ajudar os informais”.

Já a vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Silvana Parente, embora reconheça a importância do auxílio emergencial, é enfática em dizer que na criação de um programa permanente de transferência de renda “o governo já está atrasado desde o ano passado”.

“Eu defendo que seja estruturado de imediato esse programa de renda mínima, com visão de longo prazo e não só para tapar o buraco da conjuntura atual. A pandemia apenas mostrou a fragilidade de milhões de desempregados, desalentados, ou na informalidade”, reitera Silvana Parente.

Por fim, o presidente do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), João Mário Santos de França, embora concorde que já deveria ter sido desenhado um novo programa social, afirma que “como isso ainda não está fechado, o melhor é prorrogar o auxílio emergencial”.

“Existe, ainda, a possibilidade de uma terceira onda da pandemia e o auxílio emergencial dá mais tempo para que se construa uma nova política social, com um valor médio maior do que hoje é pago pelo Bolsa Família, que fica em torno de R$ 190, talvez chegando perto dos R$ 300”, defende.

O que você achou desse conteúdo?