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Avine: Alta de 50% nos insumos precisa cair drasticamente para evitar aumento no preço dos ovos
Economia

Avine: Alta de 50% nos insumos precisa cair drasticamente para evitar aumento no preço dos ovos

Airton Jr., sócio-diretor da empresa cearense Avine Alimentos, analisa a mudança de comportamento do consumidor para a compra de ovos na pandemia, as condições de produção do alimento, as inovações no mercado e o que se espera da alta de preços
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O Estado contribuiu com mais 3 milhões de dúzias para a produção nacional (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação O Estado contribuiu com mais 3 milhões de dúzias para a produção nacional

A escalada de preços dos alimentos na pandemia pressiona a inflação e muda o hábito de consumo dos brasileiros para produtos mais em conta, como os ovos de galinha. Mas a perspectiva é que o valor do alimento também continue a subir se a alta de insumos da cadeia de produção, que já chega a 50% neste ano, não sofra uma redução de custos "drástica". É o que avalia Airton Jr., sócio-diretor da Avine Alimentos, em entrevista exclusiva ao O POVO.

Para se ter ideia, a carne, por exemplo, chegou a 5,86% de encarecimento de janeiro a maio deste ano no Brasil, com maiores elevações em Rio Branco e região metropolitana (15,34%) e na Grande Fortaleza (11,01%), segundo dados de inflação, medidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e divulgados nesta quarta-feira, 9, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O foco dos consumidores passou então para frangos e ovos de galinha, que também ficaram menos em conta. Aves e ovos subiram 5,17% nos preços do País, de janeiro a maio de 2021, e 4,16% na Grande Fortaleza.

Mas estes alimentos encareceram em todas as bases de comparação, conforme o IBGE, ficando a inflação em 1,77% em maio (Capital e região metropolitana) e 1,05% no Brasil. Enquanto que nos 12 meses encerrados no mês passado, os valores dos produtos aumentaram em 11,96% na Grande Fortaleza e 13,66% nacionalmente.

Em contrapartida, como a demanda teve um salto, de acordo pesquisa do IBGE, de janeiro a março de 2021, o abate de frangos no Ceará chegou a 7,4 milhões de cabeças, no maior resultado desde o início da série histórica da pesquisa, em 1997. Até então o recorde, para um trimestre, de frangos abatidos no Estado era do último trimestre de 2020, com 7,2 milhões.

A produção de ovos de galinha seguiu este ritmo e também bateu recorde para um primeiro trimestre no Brasil, com 978,25 milhões de dúzias, chegando a 3,31 milhões de dúzias a mais (alta de 0,3%) na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. O Ceará foi o terceiro estado que mais contribuiu para o resultado neste início de 2021.

Foram mais de 56,1 milhões de dúzias de ovos produzidas no Estado, um aumento de 9,4% em relação a igual período de 2020. Frente ao trimestre imediatamente anterior – o 4º trimestre de 2020 – o aumento foi de 2%, segundo o IBGE.

As milhões de dúzias produzidas, registradas na pesquisa, também revelam que os primeiros três meses do ano tiveram, para um trimestre, a maior produção de ovos de galinha no Ceará desde o início da série histórica iniciada em 1987. O recorde anterior havia sido do 4º trimestre de 2020, quando foram registradas a produção de 55,0 milhões de dúzias de ovos no Estado.

Dentre os estados do Nordeste, portanto, o Ceará registrou a maior produção de ovos de galinha. Pernambuco ficou na segunda colocação, com apenas 421 mil dúzias produzidas a menos que o Estado. Já o terceiro colocado, Bahia, cerca de 18 milhões de dúzias produzidas, 38 milhões a menos que o estado cearense.

E é neste cenário que o sócio-diretor da Avine Alimentos analisa a mudança de comportamento do consumidor para a compra de ovos na pandemia, as condições de produção do alimento, as inovações no mercado e o que se espera da alta de preços.

 

O POVO - Como avaliam o comportamento do consumidor na compra de ovos de galinha na pandemia?

Airton Jr. - O ovo é um alimento completo que sempre esteve presente na vida dos brasileiros, e este fato independe do período pandêmico. A proteína pode ser utilizada em diversas receitas que vão de cafés da manhã e lanches rápidos, passando pela alimentação de crianças e dietas saudáveis até chegar à mesa como prato principal. Na pandemia, as pessoas passaram grandes períodos de tempo em casa, assim, consumindo produtos e serviços que talvez antes não consumissem com repetições diárias, por exemplo. Além disso, a alta no preço da carne também acaba trazendo atenção para o ovo, que é a proteína mais acessível. Assim, o ovo seguiu presente na mesa de brasileiros de diferentes classes sociais e poderes aquisitivos.

OP - Na Avine, quais foram os meses de destaque na produção?

Airton Jr. - A quaresma segue sendo o melhor período de vendas do ano. Observamos essa constância no comportamento do consumidor tanto em 2020 como em 2021. Nos dois anos em questão, a quaresma iniciou no mês de fevereiro e foi encerrada com a Semana Santa no mês de abril. O hábito religioso de muitos brasileiros reforça o quanto o ovo é uma alternativa rica e assertiva para qualquer refeição. O ponto fora da curva foi entre março e abril de 2020, onde houve uma corrida aos supermercados com o consumidor procurando estocar em casa alguns itens. Neste momento, o ovo teve uma demanda acima do normal, mesmo para um período de quaresma.

OP - Segundo pesquisa do IBGE, houve aumento do custo de produção. Qual o aumento na produção e de preços observados na empresa?

Airton Jr. - A ração corresponde a mais de 50% do custo de produção. Muitos insumos da ração são influenciados pelo dólar, demanda internacional e exportação, sobretudo milho e soja. O milho está quase o dobro do valor que estava em igual período do ano passado e a soja está praticamente 80% mais cara, com isso, tivemos um aumento no custo de produção próximo de 50%. Apesar desta elevação nos preços dos insumos, o valor do produto final ainda não foi totalmente atualizado. Tal atualização deverá acontecer ainda neste ano, caso não haja uma redução drástica do custo dos insumos.

OP - Como balancear o custo baixo de ovos com tecnologias e inovações? Quais as tecnologias e inovações da empresa?

Airton Jr. - É um balanceamento difícil, pois inovação e qualidade realmente têm seu custo. A tecnologia é nossa grande aliada nesta questão, é com ela que trabalhamos a qualidade que prezamos, e a inovação que aplicamos para dar mais transparência ao nosso consumidor, sem inchar os custos. Utilizamos datação e rastreabilidade em cada ovo produzido e possuímos um equipamento de origem holandesa, totalmente computadorizado, que faz a avaliação de trincas nos ovos e toda a classificação e embalagem dos ovos. Produzimos uma ração exclusiva que possibilita melhor qualidade interna e de casca aos nossos ovos, além de toda uma linha de ovos especiais e enriquecidos. Todas essas iniciativas, em conjunto, nos ajudam a oferecer um produto de qualidade, saudável e satisfatório para o mercado, seguindo altos padrões de exigência. Os investimentos em tecnologia sempre têm como referência a sustentabilidade financeira do nosso negócio atrelada com a necessidade de nos mantermos na vanguarda, competitivos e ampliando o público consumidor, bem como os locais em que estamos presentes.

Conheça a Avine

Produção de ovos de codorna da Avine
Produção de ovos de codorna da Avine (Foto: Divulgação)

Empresa cearense fundada em 1992, está no território nacional da Bahia ao extremo Norte do País. Produz, em média, 1,5 milhão de ovos por dia. 

A Avine nasceu de um núcleo familiar e tem no discurso que a "tradição aliada à inovação faz toda a diferença".

Dentre os projetos sociais, apoia a Obra Lumem, Centro Paraolímpico Evaldo Prado e O Pequeno Nazareno.

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