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Com juros de 0,5% ao ano, bancos passam a financiar a produção solar fotovoltaica
Economia

Com juros de 0,5% ao ano, bancos passam a financiar a produção solar fotovoltaica

| ENERGIA | Instituições financeiras estão com apetite e oferecem condições diferenciadas para financiamentos de compras de equipamentos, instalação e operacionalização. Benefícios se estendem desde os residenciais ao pequeno produtor rural
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A novidade para a matriz solar complementa outras linhas de crédito destinadas a empresas e ao setor agro, que possuem orientação sustentável (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR A novidade para a matriz solar complementa outras linhas de crédito destinadas a empresas e ao setor agro, que possuem orientação sustentável

A concorrência das instituições financeiras em torno da oferta de crédito para financiamento de energias renováveis foi ampliada de forma considerável no País. Com juros baixos, a partir de 0,5% ao ano, os bancos estão financiando a aquisição de placas solares fotovoltaicas para produção de energia solar. É comum prazo de carência de pelo menos 60 dias e parcelas que coincidam com o valor que o tomador de crédito pagava na conta de energia elétrica.

Além dos juros baixos e condições, facilidades como o prazo do financiamento, que fica entre seis e oito anos dando a própria placa solar como garantia, são utilizados como trunfos das instituições para atrair os clientes. O foco desse mercado vai desde a Pessoa Física (CPF) para produção de energia em residências, passando pela Pessoa Jurídica (CNPJ) nos pequenos negócios, até o pequeno produtor rural.

Essa oferta de crédito facilitado, aliado ao processo rápido de análise tem feito com que a demanda por empréstimos para financiamento de unidades produtoras de energia aumentasse significativamente e o Ceará é destaque. O Santander, por exemplo, somente neste início de 2021 observa incremento de 80% na demanda por esse tipo de crédito no País. Aqui no Estado a demanda é o dobro, chegando a 160% de aumento.

O superintendente executivo do Santander Financiamentos, Márcio Giovannini, destaca que até o ano passado, o mercado do Sudeste demandou muito crédito para esta área, mas há a percepção de crescimento do Norte e do Nordeste, com o Ceará em destaque. Isso motiva até um plano de expansão da instituição, que tem a expectativa de mais do que dobrar a quantidade de financiamentos realizada no ano passado.

A viabilização dos financiamentos pelo Santander é possível por meio das agências, para os clientes, mas também por meio de intermediários, que são os técnicos de empresas de instalação de painéis. No Ceará são 40 e no Brasil passam de mil. "Eu tenho certeza, com base no que conversei com nossos parceiros, que essa é uma tecnologia que veio para ficar".

O ticket médio das operações é de R$ 50 mil e existem linhas de crédito com taxas a partir de 0,74% e carência de 120 dias, além de que a lógica da parcela é de seguir preço similar ao que o tomador paga na conta de luz. "Em quatro meses do ano, já temos praticamente metade da quantidade de unidades instaladas em todo o ano passado. É um mercado gigantesco que é difícil até estimar o quanto deve crescer. Com o avanço da tecnologia, esse processo fica mais acessível aos consumidores", completa.

Competitividade do crédito

Entre as instituições financeiras, o destaque nesse tipo de financiamento fica por conta do Banco do Nordeste (BNB). A partir dos recursos do FNE Sol, o banco opera financiamentos para CPFs em micro e minigeração em residências, com carência de seis meses e possibilidade de financiamento de 100% e limite de operação de R$ 100 mil. Nesta operação a taxa de juros varia de acordo com a renda do tomador, partindo de IPCA + 0,9% ao ano, até IPCA + 3,3% ano ano.

No caso das pessoas jurídicas, o FNE Sol também inclui outras matrizes de produção, como eólica. A diferença é que o valor limite da operação pode ultrapassar os R$ 300 mil. A novidade é a oferta do Agroamigo Sol, voltado aos agricultores familiares, com juros a partir de 0,5% ao ano e funcionamento com recursos do Pronaf, dentro da metodologia do Agroamigo, com prazo de 10 anos e carência estendida de até um ano.

Rodrigo Bourbon, superintendente estadual do BNB no Ceará, destaca que essas são as melhores taxas do mercado e que, aliado ao bônus por adimplência torna a linha de crédito competitiva e atrativa. No Ceará, em 2020, as linhas de crédito do tipo movimentaram 507 operações e desembolso de R$ 15,5 milhões. Em 2021 já temos 275 operações e R$ 9,2 milhões de aporte.

"A perspectiva é otimista em relação ao crescimento dessa linha, junto da retomada da economia. Por isso, o banco aprimorou os canais de acesso digital e não podemos deixar de mencionar os benefícios que esse tipo de investimento gera para proteção do meio ambiente, com o desenvolvimento de uma matriz energética limpa", destaca.

Diversidade de opções no mercado

Outras instituições, como Bradesco e Banco do Brasil também possuem linhas de crédito com essa finalidade. No Bradesco, há a modalidade CDC Energia Fotovoltaica, que mais que dobrou o tamanho da carteira, com 137% de crescimento na quantidade de contratos para a pessoa física, quando se compara o mês de maio/20 com maio/21. O Bradesco atua com essa linha desde julho de 2016, com taxas a partir de 0,99% ao mês.

No BB, foi lançado em maio o Crédito Energia Renovável para CPFs, financiando 100% do valor do produto mais instalação entre R$ 5 mil e R$ 100 mil, parcelamento em até 60 meses e seis meses de carência e juros a partir de 0,75% ao mês.

CENÁRIO

De acordo com a Enel Ceará, atualmente existem aproximadamente 14 mil fontes geradoras de energia, que, somadas, abastecem 17 mil unidades.

PESQUISA

Pesquisa Ibope de 2020, encomendada pela Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia), apontou que 90% dos brasileiros gostariam de gerar sua eletricidade, seja por meio de painéis solares ou por outras fontes renováveis. Em 2014, esse índice era
de 77%.

BNDES

O BNDES também tem linhas de crédito que são operadas por meio dos agentes financeiros credenciados no BNDES, incluindo agências de fomento, bancos de montadoras, cooperativas de crédito, bancos cooperativos, bancos privados e bancos públicos. Os fundos são destinados aos projetos em residências, pequenos negócios e empreendimentos rurais, com condições diferenciadas de juros e carência.

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