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São João sem festas e menos recursos impacta 16 cadeias econômicas no Estado
Economia

São João sem festas e menos recursos impacta 16 cadeias econômicas no Estado

Efeito negativo recai inicialmente sobre 400 quadrilhas juninas do Ceará, mas se espalha para outras cadeias que empregam mais de 5 mil pessoas, de acordo com a Secult
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Produtos de São Joao cresceu em 5% em 2021 de acordo do Associação dos Supermercadistas. (Foto: Thais Mesquita)
Foto: Thais Mesquita Produtos de São Joao cresceu em 5% em 2021 de acordo do Associação dos Supermercadistas.

Os prejuízos causados pelo segundo ano seguido sem os festejos presenciais de São João no Ceará já são contabilizados pelas mais de 400 quadrilhas juninas do Estado. Mas não só por elas, já que a cadeia econômica desse segmento impacta desde costureiras que produzem roupas e setor calçadista, até figurinistas e cenógrafos, num total de 16 cadeias econômicas, que empregam, direta e indiretamente mais de 5 mil pessoas no Estado - sem contar com os milhares de trabalhadores informais. Em anos normais, somente as festas relacionadas às quadrilhas geram R$ 50 milhões. Os prejuízos calculados em outros grandes polos juninos, como Bahia, Pernambuco e Maranhão, contabilizam prejuízos somados de mais de R$ 1 bilhão.

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De acordo com dados disponibilizados pela Secretaria de Turismo do Estado (Secult), o mais recente edital de fomento para grupos dos ciclos de cultura tradicional recebeu aporte de R$ 3,320 milhões. Desse total, R$ 1,330 milhão foi destinado ao ciclo junino, beneficiando 138 projetos. Os números, porém, estão bem aquém do que foi destinado em 2019, último ano com festejos presenciais.

Há dois anos, a Secult destinou fomento de R$ 3,150 milhões, contemplando total de 114 quadrilhas, além de 21 festivais regionais e um campeonato estadual. Isso mostra que a fatia do bolo diminuiu e a quantidade de dependentes aumentou.

Cobranças

Tácio Monteiro, diretor da União Junina do Ceará - entidade que agrega quadrilhas, promotores de festivais e profissionais da cultura - e também presidente da Quadrilha Junina Babaçu de Fortaleza, comenta que o segmento está passando por grandes dificuldades, pois carece de apoio. Ele diz que os editais existem, mas não atendem a demanda de todos. O que vem movimentando os grupos são as lives, a maioria organizada sem apoio público.

Ele também reclama da demora no andamento dos editais. Está encerrando mais um ciclo junino em que tanto o edital do Estado quanto do Município não foram definidos. "A cadeia produtiva é maior do que as pessoas imaginam (e vai além dos quadrilheiros). O Ceará é um estado em que há quadrilhas juninas em todos os municípios. São perdas muito grandes, são muitos profissionais prejudicados."

Ao O POVO, a Secult disse que o edital dos Ciclos está em fase de seleção. Já a Secretaria da Cultura de Fortaleza (Setfor) informou que realizou entre 29 e 30 de junho o "Nosso Especial Junino", com apresentações virtuais gravadas no Teatro José de Alencar e exibidas no YouTube e TV Terra do Sol. O edital mencionado diz respeito ao Edital de Cultura Tradicional Popular, que, segundo a Setfor, contemplará diversas expressões populares da Capital cearense, com data de lançamento e mais informações sendo divulgadas em breve.

"A Secultfor tem empreendido esforços para, diante do atual cenário de pandemia, atender as demandas da classe artística e da população em geral", diz a pasta por meio de nota. A secretaria ainda destaca ações como o programa emergencial de 2021 para o setor cultural, entrega de cestas básicas aos profissionais de cultura, além do projeto VacinArte, entre outros.

Promotores de eventos

Liége Xavier, presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) Regional Ceará, afirma que os prejuízos são incalculáveis. Ela ainda destaca que o setor espera que a retomada seja feita de forma segura e, se for vista demanda pelo Estado, realizar fomento para atividades "fora de época", assim que houver segurança sanitária.

"Já viemos de um ano em que não houve eventos, neste ano, mais uma vez, sem São João. O período junino é mais um baque para o setor porque a cada R$ 1 gasto com evento significa outros R$ 4 gastos com outros segmentos relacionados ao evento", ressalta.

ALGUNS DOS SETORES MAIS IMPACTADOS SEM O SÃO JOÃO PRESENCIAL

•Costureiras;

•Artesãos;

•Músicos;

•Promotores de eventos;

•Setor de decoração;

•Técnicos de som;

•Técnicos de iluminação;

•Barraqueiros;

•Seguranças;

•Setor de infraestrutura de shows (palcos, geradores, etc);

•Figurinistas;

•Sapateiros;

•Coreógrafos;

•Marceneiros;

•Parques de diversões;

•Comerciantes de tecidos e aviamentos.

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