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Produção de coco tem aumento de 59% em dois anos e aposta em modernização
Economia

Produção de coco tem aumento de 59% em dois anos e aposta em modernização

|NO CEARÁ| Com novas tecnologias e diversificação da cadeia, produtividade também cresce acima de 50% no período. Desafio é recuperar mercado externo no pós-pandemia
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Associada geralmente ao litoral, produção de coco tem crescido no interior cearense (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Associada geralmente ao litoral, produção de coco tem crescido no interior cearense

Os “lindos coqueirais”, identificados com o Ceará nos versos escritos pelo sambista Silas de Oliveira na música Aquarela Brasileira, há 57 anos, hoje, contam com a tecnologia para se tornarem também mais produtivos. De acordo com levantamento do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), a produção de coco no Estado aumentou 59% entre 2018 e 2020 e a quantidade de frutos colhidos por hectare, um dos principais indicadores de produtividade da cultura, cresceu nada menos que 54% nesse período.

Para se ter uma ideia, o Ceará havia colhido 254 milhões de cocos, em 2018, com média de 6.631 frutos por hectare. No ano passado, esses números saltaram para 405 milhões e 10.193, respectivamente. No total, a produção estadual movimentou R$ 264 milhões, em 2020, com o preço médio do fruto em torno de R$ 0,65. A área total cultivada foi de 39.735 hectares.

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O Brasil, a propósito, é o quinto maior produtor mundial de coco, com a participação de 4,5% da produção mundial. No mercado global, o fruto do coqueiro é destinado, especialmente, à produção da chamada copra, base de derivado como óleo de coco (62,0%) e farinha de coco (33,1%). A região Nordeste continua sendo a maior produtora (71,2%), com 81,3% da área total cultivada no País.

De acordo com o presidente da Câmara Setorial de Frutas da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Leonardo Pinho, “a procura tem aumentado demais e isso vem atraindo, inclusive, investimento estrangeiro. Para dar um exemplo, em Russas um grupo americano está se instalando para fazer o processamento do coco, liofilizá-lo e transformar em água em pó, além de fármacos e suplementos alimentares.”

Já o secretário-executivo do Agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet-CE), Sílvio Carlos Ribeiro, destaca que apesar de historicamente a produção do coco estar muito vinculada às regiões litorâneas, “nos últimos anos tem se destacado também a região do Baixo Acaraú. "Isso acontece devido a uma série de ações que foram desenvolvidas em termos de novas tecnologias de produção”, explica.

 

Ele acrescenta que, além da integração cada vez maior com a indústria, a cadeia produtiva do coco também tem se beneficiado da pesquisa científica. “Temos discutido bastante a produção de integrada do coco com a cultura do cacau. Alguns produtores já vêm pesquisando isso e em breve nós devemos ter o consórcio da cultura do coco, não só com a do cacau, mas também com outras culturas, aproveitando o sombreamento que o coqueiro gera”, destaca o gestor.

Esse movimento de modernização e diversificação também tem sido acompanhado de perto pela indústria do coco. De acordo com Raimundo Dias de Almeida, proprietário da Dikoko, sediada no município de Paraipaba, “aqui, aproveitamos o coco de diversas formas. Usamos o óleo de coco, leite de coco, açúcar de coco, farinha de coco, coco ralado, coco in natura, água de coco. A demanda está em constante ascensão”. A empresa cearense é a segunda maior produtora do fruto no País.

Por conta da Covid-19, o foco de muitos produtores tem se voltado para o mercado doméstico. Apesar disso, alguns produtos derivados do fruto, como os óleos de copra, que não constavam da pauta de exportações até o ano passado já passam a figurar entre as novas apostas para conquistar também a clientela estrangeira, com produção de 53.610 litros nos seis primeiros meses de 2021.

Por fim, o presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, ressalta que existe “uma crescente procura pelo produto cearense, especialmente pela água de coco, nos mercados norte-americano e europeu. Então, se você torna mais eficiente esses processos produtivos investindo em tecnologia, ganha em rentabilidade”.

Ele conclui afirmando que apesar de ainda ter pouco peso na pauta de exportação da agropecuária do Estado como um todo, devido ao preço relativamente baixo do coco, “essa cadeia produtiva tem evoluído ano a ano, acrescentando outros produtos com maior valor agregado”.

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