Com oferta inicial precificada a R$ 13,92, a cearense Brisanet fez sua estreia ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) operando em estabilidade, após oscilações ao longo do dia. O valor da ação da companhia fechou a R$ 13,93, o que representou uma variação de 0,07%. O próximo passo é se qualifica para o leilão do 5G, previsto para acontecer ainda em 2021.
A empresa de telecomunicações, que tem como carro-chefe de negócios o provimento de internet, concluiu seu IPO (sigla inglesa para oferta pública inicial de ações) em uma transação que movimentou R$ 1,43 bilhão. Esses recursos devem ser utilizados na expansão da rede de fibra óptica da companhia e, também, na Agility Telecom, sob controle da companhia.
A oferta foi a 39ª realizada em 2021 na B3, um recorde na história do mercado de capitais brasileiro. A previsão é que esse número chegue a 60 até o fim do ano. Na cerimônia de estreia da Brisanet (BRIT3) na Bolsa, o CEO da empresa José Roberto Nogueira destacou a trajetória de quase 23 anos da companhia que surgiu na cidade de Pereiro (a 342 km de Fortaleza). “Ao longo de mais de duas décadas, avançamos conectando pessoas pelo Nordeste, possibilitando e disseminando conhecimento ao romper barreiras”, ressaltou.
Ele acrescentou que “a empresa cresceu e se consolidou construindo infraestrutura de telecom". "E hoje, a entrada na B3 mostra o nível de maturidade e capacidade de continuarmos em expansão e, consequentemente, possibilitar retorno aos investidores, atrelado à segurança e comprometimento com o negócio". Somente em 2020, por exemplo, a telecom investiu mais de R$ 400 milhões em expansão de infraestrutura, principalmente em redes de fibra óptica, e gerou mais de 6,3 mil empregos.
Contudo, de acordo com Raul Aragão, sócio da CDP Capital, com a abertura de capital, a Brisanet passa a ter desafios e responsabilidades para além da continuidade nesse crescimento. “Ela entra agora naquele rol de empresas que precisam ser mais transparentes e ter altos níveis de governança corporativa porque ela agora passa a ter outros sócios de mercado. Claro que, até chegar ao IPO, eles fizeram essa preparação”, pontua o especialista.
A estreia da Brisanet na B3 e os recentes IPOs de outras empresas cearenses como a Pague Menos, o HapVida, a Aeris e o grupo Arco, além de processos de fusões e aquisições envolvendo algumas dessas companhias foi também tema de debate do programa Economia na Real, transmitido toda quinta-feira, às 19h, nos canais digitais de O POVO, e que foi comandado ontem pela editora digital de Economia, Beatriz Cavalcante.
Para detalhar o movimento dessas empresas no mercado e o impacto econômico gerado, o programa recebeu o presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE) e conselheiro da Associação dos Analistas e profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec-BR), Ricardo Coimbra, e o sócio da SM Consultoria, Sérgio Melo. Os especialistas explicaram também o aumento no número de IPOs no País.
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Ricardo Coimbra observou, por exemplo, que a Brisanet buscou formar um conselho de administração com profissionais que tinham experiência prévia em fazer IPOs. Ele avaliou, ainda que “a tendência da empresa, agora é buscar se expandir para outras regiões, comprando empresas pequenas. Ainda há muitas pessoas com baixo acesso à tecnologia e ela vende justamente isso, portanto, o potencial de crescimento é muito grande”.
Por sua vez, Sérgio Melo, destacou a importância do trabalho que a empresa realizou com sua controlada, a Agility Telecom, uma franquia de provedores, para poder crescer e se qualificar para entrar no mercado de capitais. “Os pontos centrais para o investidor são previsibilidade e rentabilidade, ou seja, a percepção de que o investimento nas ações de uma companhia como a Brisanet terá retorno maior que ele teria na renda fixa”, concluiu. (Colaborou Samuel Pimentel)
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