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Dólar cai, bolsa sobe e paralisação de caminhoneiros perde força, após fala de Bolsonaro
Economia

Dólar cai, bolsa sobe e paralisação de caminhoneiros perde força, após fala de Bolsonaro

Nota do presidente com tentativa de pacificação entre Poderes repercute no mercado e enfraquece mobilizações, mas clima de incerteza ainda paira sob economia
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Movimento ontem em posto de Fortaleza. A maior alta do IPCA na Cidade foi observada no grupo Transportes (1,17%), impulsionado pelos reajustes nos preços dos combustíveis (2,46%) (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Movimento ontem em posto de Fortaleza. A maior alta do IPCA na Cidade foi observada no grupo Transportes (1,17%), impulsionado pelos reajustes nos preços dos combustíveis (2,46%)

Após dias de forte turbulência política e reações igualmente impactantes no mercado, a divulgação de uma nota assinada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, ontem teve efeito quase imediato na bolsa de valores (B3) e sobre a cotação do dólar, ajudando a esfriar, também, os ânimos de caminhoneiros que desde a última quarta-feira, 8, promoviam atos e bloqueios de estradas.

O tom de pacificação com o Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo acenos ao ministro Alexandre de Moraes, adotado na nota de Bolsonaro foi "celebrado" no Ibovespa, que virou aceleradamente do negativo para o positivo. Mais cedo, após apelo direto do presidente, o relativo esvaziamento do protesto de caminhoneiros já havia chegado a contribuir para algum respiro.

Com a nota, o Ibovespa chegou aos 116.353 pontos no topo do dia, uma variação de 3.533 pontos em 13 minutos, saindo de baixa aos 112.820 pontos. Ao final, o índice da B3 mostrava ganho de 1,72%, aos 115.360 pontos, após ter fechado o dia anterior aos 113.412 pontos.

Quanto ao dólar, após a alta de 2,89% na quarta-feira, em meio ao agravamento da crise institucional, a moeda norte-americana caminhava para encerrar o pregão de ontem em leve queda, na casa de R$ 5,30. Na reta final dos negócios, o dólar despencou. A cotação da moeda chegou a romper o piso de R$ 5,20 e desceu até a mínima de R$ 5,19 (-2,47%). Com uma leve recuperação nos minutos finais da sessão, o dólar fechou a R$ 5,22, em baixa de 1,86% - a maior queda porcentual desde 24 de agosto (-2,23%).

Apesar dos respiros na B3 e no câmbio, a leitura acima do esperado para o IPCA em agosto (0,87%), no maior nível para o mês em 21 anos, e que aproxima a inflação dos dois dígitos no acumulado em 12 meses, continua a causar preocupação e reforça a perspectiva de novas altas da taxa básica de juros (Selic) mais restritiva, o que tende a reduzir o apelo da renda variável em momento marcado por aversão a risco. Em 12 meses, a inflação acumulou 9,68% - o nível mais alto desde fevereiro de 2016 (10,36%).

Além disso, segue incerta a crise envolvendo caminhoneiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Após reunião com o chefe do Executivo e com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, alguns representantes da categoria disseram que devem continuar mobilizados até serem recebidos pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). A intenção do grupo é pressionar o chefe do Congresso a abrir processo de impeachment contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

No Ceará, não houve registros de atos do tipo. O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros do Estado do Ceará (Sindicam-CE), Clóvis Fava, disse que os manifestantes, em sua maioria autônomos, estão aderindo ao movimento por conta própria, o que gera incerteza sobre o rumo dos protestos. "De nossa parte, da instituição, da classe associada e dos caminhoneiros organizados não tem ninguém da nossa classe, especificamente focado em alguma reivindicação", reforçou. (Com Agências. Colaborou Alan Magno)

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