Após reabrir suas fronteiras para viajantes de países vizinhos, a Argentina estuda medidas para aumentar a presença de turistas brasileiros em seu território. Com o objetivo de atrair novos visitantes, o Governo do presidente Alberto Fernández planeja pactuar acordos bilaterais com os estados do Nordeste, região considerada estratégica pelas autoridades do país vizinho. O Ceará, que tem a Argentina como terceiro maior parceiro comercial, está no centro das primeiras negociações. Em visita ao Estado, o secretário executivo do Inprotur (Instituto Nacional de Promoção Turística da Argentina), Ricardo Sosa, abriu diálogo com forças do comércio e representantes do Governo do Estado e da Prefeitura de Fortaleza para discutir medidas de estímulo ao turismo argentino e cearense.
A ideia de Sosa é que haja união entre os entes públicos e as organizações privadas, com o intuito de que seja criado um leque de experiências turísticas tanto para os cearenses que vão à Argentina quanto para os ‘hermanos’ que desejam vir ao Ceará. O secretário tratou sobre o assunto com o titular da pasta estadual do Turismo, Arialdo Pinho, representantes da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), do Sistema Fecomércio e empresários de grandes redes de supermercados.
“Discutimos sobre as inúmeras possibilidades que temos de ampliar a presença do Ceará na Argentina e de trazer a Argentina para o Ceará. Esse fluxo é uma relação mútua, já que temos coisas que podem ser atrativas aos cearenses, como o mercado do vinho, a dança, a cultura, e os cearenses têm coisas que também nos atraem, como as belezas litorâneas, a culinária saborosa, e tantas outras. Se houver união de esforços, inclusive com a participação da cadeia comercial, que será uma das primeiras beneficiadas nesse processo, é possível tornar esse fluxo muito mais intenso”, explicou Sosa.
Ainda de acordo com o secretário, uma das prioridades para a viabilização do acordo turístico é a retomada da ponte aérea que liga Fortaleza a Buenos Aires. O voo, que era operado pela Gol Linhas Aéreas, está suspenso desde março do ano passado, mês em que foram registrados os primeiros casos de Covid-19 no Ceará. “Já iniciamos conversas com as companhias aéreas, em conjunto com o Governo do Ceará, para demonstrar o potencial turístico e econômico dessa rota. A nossa expectativa é que os voos voltem a ser disponibilizados em breve. Ainda não sabemos quando, mas será em breve”, projetou Sosa. Recentemente, a Gol informou que pretende retomar a rota que interliga as capitais do Ceará e da Argentina em janeiro de 2022.
Para o representante do Governo Argentino, além de eventuais incentivos do setor público, as empresas também precisam dar sua contribuição no estímulo ao turismo. Ele sugere que organizações privadas tanto da Argentina quanto do Ceará desenvolvam programas de recompensa com ofertas de viagens a clientes e colaboradores. “Essa é uma oportunidade que precisa ser trabalhada. O empresário cearense e argentino podem criar essas viagens de incentivo para estimular a divulgação dos atrativos turísticos e movimentar essa cadeia. Porque quanto mais esse fluxo aumenta, maior será o faturamento das empresas. É uma via de mão dupla. Portanto, precisa também que haja o envolvimento desses atores no processo”, enfatizou o secretário.
Ricardo Sosa integra uma comitiva de membros do Governo argentino que desembarcou em Fortaleza na última terça-feira, 7, para participar da 48ª edição da Abav Expo & Collab, um dos principais eventos do calendário turístico brasileiro, que começou na quarta-feira, 6, e segue até este sábado, 8, no Centro de Eventos do Ceará. A ação, que reúne 184 marcas expositoras de diferentes países, é o primeiro grande evento presencial do setor de turismo no Brasil após o avanço da campanha de vacinação contra a Covid-19.
Além das negociações relacionadas ao segmento, as autoridades argentinas também querem parcerias com o Ceará para alavancar o desempenho da balança comercial do país. Para isso, estudam reduzir tarifas comerciais e estimular importações de mercadorias por empresários cearenses. O objetivo é diminuir o custo dos produtos ao consumidor final e, consequentemente, aumentar a demanda agregada externa pelos bens produzidos no país vizinho.
Na agenda da comitiva, houve reuniões com representantes do Porto do Mucuripe, Fiec, Associação Cearense de Avicultura e proprietários dos moinhos, J Macedo, M Dias Branco e Jereissati. Também foram realizados encontros com o presidente do Sistema Fecomércio Ceará, Luiz Gastão Bittencourt, e executivos de grandes redes de supermercados cearenses, como Mercadinho São Luiz e Pinheiro Supermercados.
Colaborou Irna Cavalcante
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Estrutura da Abav Expo
A feira deste ano reuniu 184 estandes distribuídos por um espaço de 27 mil m², em três pisos do Centro de Eventos do Ceará. Foram 50 painéis e palestras nos três dias da exposição.