Com o décimo protocolo de entendimento para empreendimento no hub de hidrogênio verde (H2V) do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, o Governo do Ceará se aproxima da oficialização dos 16 acordos que passaram pela mesa de negociação do Estado. Pelo que já foi anunciado, os investimentos revelados pelas empresas chegam a US$ 18,35 bilhões, o que representa mais de R$ 100 bilhões em investimentos. A expectativa é que essa nova matriz econômica seja capaz de contribuir, inclusive, com a diminuição da pobreza no Estado.
O governador Camilo Santana (PT) enfatiza que os investimentos bilionários em hidrogênio verde representarão uma transformação social na vida do Ceará, além da clara contribuição na mudança da matriz energética global. A gestão estadual projeta que o impacto econômico gerado pela fonte de energia limpa e renovável será fundamental no combate à desigualdade e na redução da pobreza.
"Hidrogênio verde irá desconcentrar as riquezas e reduzir a desigualdade e reduzir a pobreza no nosso Estado. Isso está dentro das estratégias de desenvolvimento para o futuro do estado do Ceará", pontua o governador na sua participação no Seminário Internacional Hidrogênio Verde no Ceará, realizado ontem no Centro de Eventos do Ceará.
Camilo define as futuras usinas de H2V como uma "nova perspectiva de futuro e oportunidade" para todo o Nordeste do Brasil, ainda com potencial de descentralizar as produções de energia limpa, levando desenvolvimento ao interior do Estado. "Qualquer pessoa vai poder produzir energia solar e vender para a produção de hidrogênio."
Além das dez assinaturas de acordos para o hub, mais dois protocolos de entendimento serão formalizados em viagem ao Exterior a ser realizada por Camilo até o fim do mês. Segundo o titular da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet), Maia Júnior, outros quatro projetos seguem em negociação.
Maia reforça ainda que os novos investimentos terão impacto fundamental em todo sistema econômico do Estado. "Vai surgir uma plataforma de mobilidade nova, vai surgir uma indústria nova, um tipo de trabalho novo", afirma. O secretário ainda enfatiza que a regulamentação da geração distribuição - que já está em discussão no Congresso, da produção de energia eólica offshore e da Política Nacional do Hidrogênio Verde são fatores importantes para evolução de projetos em energias renováveis tão importantes para que o hub de H2V caminhe.
Conforme promessa do ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque, o Governo Federal se comprometeu a trabalhar pela regulamentação da produção eólica offshore até o fim do ano. Em visita a Fortaleza na semana passada, ainda destacou o sucesso em torno do H2V no Brasil, com protocolos de entendimento que somam quase US$ 30 bilhões (quase 2/3 oriundos de projetos no Pecém).
Outros polos no Brasil surgem como locais para os quais as empresas voltam os olhares. Além do Ceará, Pernambuco (Suape) e Rio de Janeiro (Açu) já firmaram memorandos de entendimento com grandes grupos internacionais.
EUROPA
O representante do mercado europeu, Ignácio Ybânez, destacou o Ceará como o principal polo de desenvolvimento do setor de hidrogênio verde no Brasil. Isso proporcionará a geração de novos postos de trabalho, criação de novas modalidades de trabalho e uma "intensa modernização e digitalização da economia".
EDUCAÇÃO
No quesito formação de mão de obra, o Ceará tem despontado na dianteira. A Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) iniciou a oferta de curso sobre hidrogênio verde, que já recebeu mais de 3 mil inscrições. E a Universidade Federal do Ceará (UFC) enfatiza que está preparada para formação de profissionais para esse processo.