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Escassez de abastecimento pode levar à nova alta dos combustíveis
Economia

Escassez de abastecimento pode levar à nova alta dos combustíveis

A Petrobras informou que a demanda para novembro está acima da sua capacidade de produção. O que pode atrasar o abastecimento em alguns postos, porém, o risco de desabastecimento é pequeno
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Dificuldade de abastecimento da Petrobras pode desencadear mais um efeito em cascata nos preços dos combustíveis em novembro (Foto: BÁRBARA MOIRA)
Foto: BÁRBARA MOIRA Dificuldade de abastecimento da Petrobras pode desencadear mais um efeito em cascata nos preços dos combustíveis em novembro

A confirmação pela Petrobras do aumento da demanda por combustíveis acima da sua capacidade de produção acendeu o alerta do mercado para os riscos de falta pontual de produtos nos postos em novembro. Apesar disso, para analistas, a possibilidade de um desabastecimento generalizado no Brasil - e no Ceará - é considerada pequena, mas pode fazer os preços dispararem mais uma vez.

"Pode faltar de forma pontual, por algumas horas, ou até um dia, dependendo do município e da capacidade de armazenamento de cada posto, mas o risco de desabastecimento generalizado é muito pouco provável", afirmou o assessor econômico do Sindipostos Ceará, Antônio José Costa.

Ontem, em nota enviada à imprensa, a Petrobras também reiterou que está "cumprindo integralmente os compromissos contratuais com seus clientes para fornecimento de diesel e gasolina". Mas confirmou que os pedidos extras solicitados para novembro vieram 20% acima da sua capacidade de suprimento no caso do diesel e 10% acima em relação à gasolina.

"Configurando-se como uma demanda atípica tanto em termos de volume como no prazo para fornecimento. Além disso, não houve, do ponto de vista do mercado, qualquer fato que justifique esse acréscimo de demanda".

O comunicado da estatal tenta tranquilizar o mercado após o alerta feito pela Associação das Distribuidoras de Combustíveis Brasilcom – que representa mais de 40 distribuidoras regionais de combustíveis – sobre "uma série de cortes unilaterais nos pedidos feitos para fornecimento de gasolina e óleo diesel" para novembro.

Demanda terá de ser suprida pelos importadores

Segundo a Petrobras, não há risco de desabastecimento. "Atualmente, há dezenas de empresas cadastradas na ANP aptas para importação de combustíveis. Portanto, essa demanda adicional pode ser absorvida pelos demais agentes do mercado brasileiro".

A empresa também ressalta que atua de forma planejada e maximizando sua produção e entregas, dentro dos prazos previstos para atendimento dos pedidos. "Para isso, a companhia segue operando com elevada utilização de suas refinarias, tendo alcançado 90% da sua capacidade de processamento (FUT- fator de utilização), no acumulado de outubro, bem acima da média dos últimos trimestres".

Mas esta demanda que terá de ser absorvida por outras empresas do mercado, por si só, já será um elemento a mais a pressionar a disparada dos preços dos combustíveis, avalia o engenheiro de Petróleo e consultor em energia, Ricardo Pinheiro Ribeiro.

Isso porque, diferente da Petrobras, que desde a gestão de Joaquim Silva e Luna, em abril deste ano, tem espaçado um pouco mais os reajustes nas refinarias, os importadores de petróleo fazem repasses instantâneos em paridade com o mercado internacional.

E, ontem, por exemplo, os preços do petróleo voltaram a subir no mundo inteiro impulsionados pelos especuladores, que ignoraram os sinais de desaceleração do crescimento ao redor do mundo. Em Nova York, o barril do WTI chegou ao nível mais alto desde 13 de outubro de 2014, a US$ 82,96.

“Apesar de estar em patamar extremamente alto ao consumidor, por incrível que pareça, há uma defasagem na ordem de 17% entre os preços praticados pela Petrobras e o mercado internacional. E os importadores costumam comprar mais caro pelo produto e consequentemente revender também mais caro às revendedoras”, explica.

Outras instabilidades

Aliado a isso, o dólar voltou a subir em meio às instabilidades políticas e econômicas do País. Ele explica que desde 2016, no Governo Temer, a Petrobras reduziu a sua participação no abastecimento do mercado doméstico para abrir mais espaços aos importadores. O que fez com que, em momentos de aquecimento da demanda, como agora, a sua produção já não dê conta de absorver todos os pedidos.

“Então apesar do risco de desabastecimento generalizado ser pequeno, pode sim haver faltas pontuais em alguns postos, até porque as distribuidoras preferem adquirir da Petrobras que cobra menos pelo produto”

Mas tão grave quanto, é a consequência que mais essa crise terá no bolso do consumidor.
“Não é exagero dizer que no próximo mês, se não houver nenhuma ação do Governo para segurar artificialmente os preços, o que é desastroso para as ações da Petrobras, é certo que o preço da gasolina na bomba vai atingir entre R$ 8 e R$ 9 o litro”, afirma Ricardo Pinheiro.

Em alta

Ontem, o preço do petróleo do tipo Brent voltou a subir no mercado internacional, impulsionado por especuladores, e chegou a US$ 85 o barril. O dólar fechou em R$ 5,60.

 

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