No Ceará, mais de 678,7 mil profissionais estão em ocupações passíveis de serem realizadas de forma remota, o que representa 18,8% do total de vagas do mercado de trabalho. O percentual está aquém da média brasileira (22,7%). Os dados fazem parte de um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que revela também que os profissionais de nível superior têm 23% mais chance de trabalhar remotamente do que aqueles que têm o nível fundamental incompleto.
A escolaridade é a variável individual mais correlacionada com a probabilidade de trabalho remoto no Brasil. Esta foi uma das conclusões do estudo Um panorama do trabalho remoto no Brasil e nos estados brasileiros durante a pandemia, feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Covid-19, do IBGE, realizada entre maio e novembro de 2020.
O levantamento do Ipea apontou que, durante o primeiro ano da pandemia, mais de 7,3 milhões de pessoas trabalharam efetivamente de forma remota no Brasil. O número representa 9,2% da população ocupada e não afastada, sendo responsável por 17,4% da massa de rendimentos gerada via trabalho.
No Ceará, o perfil médio de quem estava em home office no Ceará eram mulheres (63,8%), com cor preta/parda (63,4%), escolaridade de nível superior completo (77,5%) e idade entre 30 e 39 anos (30,9%). A maior parte delas também estava ocupada no setor público (57,9%).
O estudo mostrou que, mesmo no auge da pandemia, em maio de 2020, o percentual máximo de pessoas que efetivamente puderam ficar de home office foi de 15,7% no Ceará, mas, em novembro daquele ano, já tinha caído para 7%. Ou seja, aquém do seu potencial.
Hoje a distância é ainda maior, considerando que com o avanço da flexibilização das atividades econômicas e da vacinação mais empresas estão retomando as atividades presenciais. Mas o pesquisador do Ipea, Geraldo Góes, um dos autores do estudo, explica que mesmo com a queda do home office, dificilmente, o mercado de trabalho voltará a ser como antes da pandemia.
“A experiência mostrou que há uma série de fatores que podem influenciar as empresas a continuar com o teletrabalho, por exemplo, a redução de custos com aluguel de máquinas e do espaço físico, do transporte do trabalhadores, em alguns casos aumenta a produtividade, então, por isso a gente acredita que o número vai diminuir mas não chegar ao nível pré-pandemia”.
Daí a importância de entender o perfil dessas contratações. O estudo revelou, por exemplo, que ser mulher aumenta as chances de trabalhar de forma remota em 1,5% na comparação com os homens. Na análise por raça/cor, ser branco eleva as chances de homeoffice em 2,3% em relação a negros.
Se a pessoa trabalhar no serviço público, as chances de estar em remoto aumentam em 14% na comparação com as pessoas empregadas na atividade agrícola. Os trabalhadores com vínculo informal têm 0,8% menos chances de fazer teletrabalho do que os que exercem o ofício formalmente.
(com Agência Brasil)