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Preço da gasolina no Ceará tem reajuste acima de 14% em outubro
Economia

Preço da gasolina no Ceará tem reajuste acima de 14% em outubro

Levantamento realizado pela ANP no Estado mostra que o preço médio do combustível na bomba subiu de R$ 5,95 para R$ 6,80 nas últimas quatro semanas
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Aumentos pressionam o bolso dos consumidores, como é o caso de
Wesley Campos, 34, que trabalha como motorista de aplicativos (Foto: Bárbara Moira)
Foto: Bárbara Moira Aumentos pressionam o bolso dos consumidores, como é o caso de Wesley Campos, 34, que trabalha como motorista de aplicativos

O preço da gasolina no Ceará segue em alta e fechou essa semana 21 centavos mais cara do que a anterior, chegando à máxima de R$ 7,19 por litro. Levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) nos postos cearenses revela que o preço médio do combustível na bomba subiu de R$ 5,95 para R$ 6,80 nas últimas quatro semanas. Isso representa uma variação de 14,2% no mês.

A vida para os consumidores que costumam procurar preços mais em conta no Estado segue nada fácil. Isso porque em duas semanas, o preço mínimo calculado pela ANP subiu de R$ 5,85 para R$ 6,29. 

Em meio aos aumentos fica a pressão sobre o bolso dos consumidores, como é o caso de Wesley Campos, 34, que trabalha como motorista de aplicativos. Ele conta que precisou mudar sua rotina para diminuir o consumo de combustíveis. Trabalhar durante a noite tem sido uma solução, assim como aceitar mais viagens em regiões mais afastadas, onde há menos trânsito.

"Eu rodo na gasolina e para mim há uma grande dificuldade. Tive que mudar de estratégia. A minha tática é pegar corridas para lugares longe do Centro, como no Aquiraz, justamente para pegar retas e gastar menos", explica.

Wesley critica o fato de o preço constantemente subir, não dando tempo nem para o consumidor absorver uma alta antes da mais nova. "É bastante pesado para o orçamento da gente. Temos que abdicar de saídas de carro, até uma pizza no fim de semana", diz ele. "A dificuldade dessa política de preços da Petrobras só pesa para o trabalhador, enquanto os acionistas da Petrobras lucram. Não acredito que todo esse problema é por conta do ICMS", completa.

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Em Fortaleza, o custo do litro da gasolina ficou entre R$ 6,299 e R$ 6,999, o gerou uma média de R$ 6,81. A média dessa semana é bem superior aos R$ 6,62 da semana passada. Na primeira semana de outubro, o valor médio do litro na Capital custava R$ 5,897.

Quando olhamos para o custo da gasolina nos demais municípios, o pior quadro de preços fica por conta da cidade de Maracanaú, com preço médio de R$ 6,989 que pode chegar à máxima de R$ 6,999. A cidade de Crateús também mantém médias altas, com o litro custando média de R$ 6,975 e máxima de R$ 7,190.

Com os constantes aumentos, o preço médio da gasolina no mês de outubro fechou custando R$ 6,459, com máxima de R$ 6,99. O valor médio é bem superior à média observada no mês de setembro, quando a gasolina custou R$ 5,923. No mês de agosto essa média de preços era de R$ 5,891. Isso quer dizer que o preço médio mensal da gasolina acumula alta de 9,6%. Esse percentual de alta no trimestre, é superior aos 7,84% da inflação no acumulado do ano (entre janeiro e setembro), segundo dados do IBGE.

Diesel

O valor médio do óleo diesel nas bombas dos postos de combustíveis cearenses segue em trajetória de alta. Em uma semana subiu de R$ 5,26 para R$ 5,58, com máximas que podem chegar a R$ 6,04, segundo o levantamento da ANP.

Gás de cozinha

Já o preço do gás de cozinha no botijão de 13 kg se manteve estável em R$ 104,60. Não houve variação no preço máximo de R$ 115 - que segue o mesmo há três semanas. Porém, subiu o preço mínimo, de R$ 88 na semana passada para R$ 90.

FORTALEZA, CE, 31-10-2021: As fotos destacam o aumento do preço da gasolina, contendo foto do posto mais caro e do mais barato encontrado em Fortaleza pela redação. As fotos ilustram uma possível greve dos caminhoneiros, mostrando a Petrobrás e  a Raízen no Porto do Mucuripe, com caminhões passando e estacionados esperando abastecimento e a fachada de ambas.(BÁRBARA MOIRA/ O POVO) 
FORTALEZA, CE, 31-10-2021: As fotos destacam o aumento do preço da gasolina, contendo foto do posto mais caro e do mais barato encontrado em Fortaleza pela redação. As fotos ilustram uma possível greve dos caminhoneiros, mostrando a Petrobrás e a Raízen no Porto do Mucuripe, com caminhões passando e estacionados esperando abastecimento e a fachada de ambas.(BÁRBARA MOIRA/ O POVO) 

Demanda por combustível no Ceará aumenta enquanto ameaça de greve é minimizada

Em meio às ameaças de greve dos caminhoneiros ao redor do Brasil, a movimentação de caminhões que trazem combustíveis das refinarias ao centro de distribuição da BR, no Cais do Porto, em Fortaleza, foi intenso. Segundo informou ao O POVO o caminhoneiro Vagner Silva, 34, que estava com caminhão-tanque abastecido com etanol hidratado, a demanda por combustíveis no Ceará tem crescido nos últimos meses.

Ele conta que muitos caminhões saem da refinaria da Petrobras em Pernambuco e se destinam ao terminal de distribuição da BR. Perguntado pela reportagem se a movimentação teria alguma relação com a realização de paralisação nacional por parte dos caminhoneiros autônomos - até como forma de se antecipar a um remoto risco de bloqueio das estradas, Vagner negou.

O caminhoneiro destaca que o movimento atípico naquela região num domingo se devia ao fato de que a distribuidora passou a funcionar no fim de semana buscando melhorar o fluxo de caminhões no espaço, tendo em vista o feriado nesta terça-feira, 2. Sobre a greve marcada para hoje, Vagner diz que mesmo entre os caminhoneiros "a mobilização tem sido pequena". "Pouco ouvi falar sobre isso, não falaram nada nos grupos. Só vejo na imprensa".

Sobre a perspectiva de greve, o presidente da Câmara Setorial de Logística do Ceará e diretor da Fetranslog Nordeste, Marcelo Maranhão, destaca que o aumento do preço dos combustíveis tem onerado bastante o segmento de transporte rodoviário. Os constantes aumento têm pesado principalmente sobre os caminhoneiros autônomos e empresários donos de pequenas frotas.

Segundo Marcelo, os custos dos empresários têm se destinado em 50% à compra do combustível, 25% a impostos, sendo que ainda há os custos com pagamento de funcionários, manutenção da frota e prestação dos veículos. A margem de lucro tem ficado estrangulada.

"A inadimplência de financiamentos é enorme para todo mundo no setor. É preciso se conscientizar que o problema não é só do transporte. O transporte é um setor transversal e impacta toda sociedade", destaca.

"A culpa é da estrutura, nós precisamos de uma política sustentável para que se chegue em uma solução", afirma sobre a política de preços da Petrobras.

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