Um dos projetos captados para o Setor 2 da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, inaugurado ontem, a refinaria da Noxis Energy deve entrar numa nova fase de instalação do empreendimento até o fim do ano. Atualmente, a empresa negocia tarifas e investimentos com o Porto do Pecém para, em seguida, assinar o pré-contrato com a Cipp SA e dar início aos estudos ambientais.
"Isso tudo envolve o pessoal técnico do Porto, questões jurídicas, questões de investimento e tarifas. Estamos nos últimos acertos sobre as tarifas e a gente espera estar com tudo resolvido ainda no mês de novembro", afirmou Gabriel Debellian, diretor-presidente da Noix.
Em entrevista exclusiva ao O POVO, ele afirmou que, do licenciamento ambiental até a operação, devem levar cerca de 38 meses para o início da operação da refinaria. Ele ainda deu a entender que o empreendimento é prioridade para a empresa entre os três que desenvolve no Brasil atualmente.
"Temos projeto em Sergipe, no Rio de Janeiro, mas só vamos adiante quando resolvermos aqui. Esse modelo (do Ceará) vai ser replicado e a gente precisa dar o 'start' aqui e desenvolver o projeto básico", disse durante a inauguração oficial do Setor 2 da ZPE do Ceará.
Com capacidade de produção projetada para 100 mil barris por dia e um investimento de US$ 1,2 bilhão, a refinaria da Noix tem um espaço reservado na nova área, cuja facilidade de instalação foi destacada por Gabriel.
"Aqui, já teve um licenciamento ambiental dado à Petrobras. Não é válido totalmente para a gente, mas muita coisa se aproveita. Além do mais, esse é um negócio que demanda muito estudo, sondagem de terreno, situação jurídica e comunidades próximas. Dentro da ZPE facilita porque a área já está isolada e as questões de influência já foram resolvidas", destacou.
Sobre a negociação com o Porto do Pecém, Debellian disse que "está discutindo as tarifas, porque a movimentação da refinaria vai demandar investimento pelo Porto para receber navios maiores, porque vai receber petróleo em navios de 170 mil toneladas e vai ter movimento muito intenso de navios, não só recebendo matéria-prima, mas exportando."
Na prática, boa parte da produção deve ser destinada à fabricação de combustível para navios, pois, segundo o executivo, 60% do gerado na refinaria se´ra de óleo com baixo teor de enxofre, 20% de diesel com ultra baixo teor de enxofre, "usado nos Estados Unidos", e o restante será de disel e gasolina para o mercado nacional, "que será uma pequena parcela, mas vai atender todo o entorno aqui tranquilamente."
"Matéria-prima vem campos do Pré-Sal. Temos um contrato com a PetroChina para nos fornecer petróleo da Bacia de Santos durante dez anos e também temos compromisso de venda da refinaria durante dez anos para o maior comercializador de combustíveis marítimos, que é a empresa dinamarquesa chamada Bunker One", acrescentou.
A captação da refinaria da Noix foi comemorada pelo Estado do Ceará desde o início, uma vez que este tipo de indústria era alvo dos esforços do governo há décadas. Após a frustração de a Petrobras cancelar o projeto da refinaria Premium II, em 2015, secretários das gestões Cid Gomes e, em seguida, Camilo Santana, buscaram parceiros dentro e fora do Brasil até encontrar o ideal para o projeto.
"Muitos vão vir dizer: 'mas você não está apostando nas energias renováveis?' Eu estou apostando é no desenvolvimento imediato do Estado do Ceará. Precisamos entender que os combustíveis fósseis ainda têm uma transição para a chegada dos novos combustíveis e um investimento como esse nós não poderíamos dar as costas", arrematou o secretário Maia Júnior (Desenvolvimento Econômico e Trabalho).
Durante a inauguração do Setor 2 da ZPE, ele reforçou o potencial da refinaria pelas condições na qual ela se consolida no Estado: "Às vezes, a gente fica naquela expectativa, afinal, foram tantos os projetos de refinaria... Mas esse é um projeto totalmente privado, com investimentos de israelenses e que vai produzir, por incrível que pareça, a mesma quantidade de processamento de barris da refinaria de Pernambuco."
O que prevê o Setor 2 da ZPE:
- Mais de 1,9 mil hectares de área total
- 20% da área é usada para infraestrutura de uso comum
- Operação 24h por dia, 7 dias por semana
- Gate coberto
- Quatro balanças para pesagem de até 120 toneladas, com 36 metros de comprimento e 3,2 metros de largura
-Bloco administrativo
- Portão de acesso de pessoas com catracas
- Monitoramento 24h por dia
- Vias de acesso e vias secundárias pavimentadas
- Iluminação
- Fibra ótica
- Circuito Fechado de Televisão