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Brasil produzirá hidrogênio com um dos menores custos do mundo
Economia

Brasil produzirá hidrogênio com um dos menores custos do mundo

| Até 2030 | Com Ceará na liderança, País deve ser o maior beneficiado com o desenvolvimento da cadeia do Hidrogênio Verde, segundo estudo da Bloomberg New Energy Finance (BNEF)
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As possibilidades que se abrem para economia cearense a partir do Hidrogênio Verde estão sendo debatidas no I Seminário Internacional do Hidrogênio Verde, em Fortaleza (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA As possibilidades que se abrem para economia cearense a partir do Hidrogênio Verde estão sendo debatidas no I Seminário Internacional do Hidrogênio Verde, em Fortaleza

O potencial de produção de hidrogênio verde (H2V) por meio de fontes renováveis, como energia eólica e solar, no Brasil deve alcançar o melhor valor custo-benefício do mundo. Isso é o que aponta levantamento feito pela Bloomberg New Energy Finance (BNEF) e quer dizer que o País deverá ter o menor custo nivelado de produção de hidrogênio (LCOH) em 2030.

A estimativa é que o LCOH do Brasil tenha índice variando entre US$ 0,84 a US$ 1,31/ Kg. Em 2050, o LCOH deve continuar competitivo e os custos cairiam ainda mais, para US$ 0,55 e US$ 0,57/ Kg.

Hoje, o que encarece as projeções são as despesas de armazenamento do insumo em grandes quantidades. O recipiente para transporte deve ser pelo menos 3,8 vezes maior que um de gás natural. O transporte também pede atenção, porque em alguns casos pode ser mais caro que a produção.

De acordo com o estudo, a alternativa de produção de hidrogênio por meio de eletrólise ainda é mais cara do que os modos de produção por vapor de metano que são produzidas com tecnologias de captura, utilização e sequestro de carbono (CCUS), além do hidrogênio cinza, que é produzido da mesma maneira, mas sem a CCUS. Os dois modelos são mais poluentes no comparativo, mas mais baratos. Mas as estimativas é que esse quadro mude até o fim da década.

A perspectiva de redução nesses processos é estimada em até 50% até 2030, segundo relatório da Hydrogen Council. Essa previsão, aliada à escalada da demanda por hidrogênio antes outras fontes energéticas, deve fazer com que o hidrogênio tome o lugar do gás natural.

E nesse processo de transição de matriz energética, o Brasil pode sair como grande vencedor. A projeção do BNEF de que o Brasil deva produzir hidrogênio verde com os menores custos de produção do mundo se dá, principalmente, por conta da diversificação de fontes renováveis no País, além das estimativas de redução dos custos de produção com o aprimoramento e popularização das tecnologias.

Essa notícia é especialmente positiva para o Ceará, que lidera os esforços brasileiros no sentido de desenvolver uma cadeia de negócios baseada na atividade. Essa potencialidade foi destacada pelo presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará (CSRenováveis), Jurandir Picanço. "Os resultados dos últimos leilões de energia que ocorreram no Brasil mostram que há tendência de queda no preço das energias eólica e solar fotovoltaicas, que caíram 63% e 45%, respectivamente."

"E o que nós temos é que a esse valor de US$ 30/Mwh, o hidrogênio já é competitivo com o hidrogênio azul. Esse fato já colocou o Brasil no mapa do hidrogênio", afirma Jurandir durante a abertura do I Seminário Internacional do Hidrogênio Verde, realizado em Fortaleza.

 

CEARÁ NA VANGUARDA

Já foram assinados 12 protocolos de entendimento e outros quatro estão na mesa de negociação, segundo o Governo do Ceará. Além do hub no Porto do Pecém, o Brasil ainda conta com dois projetos assinados para o Porto de Suape. No Porto de Açu, no Rio de Janeiro, ainda há outro projeto já assinado.

Roseane Medeiros, secretária executiva da Indústria da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet), destacou que o Estado articula todo um ambiente de negócio com diferenciais técnicos e econômicos. "Além do potencial em energias renováveis, temos uma localização privilegiada, mas não só isso, temos um porto competitivo. Isso é um ambiente diferente de outros estados do Nordeste, que possuem as duas primeiras características, mas não têm um porto moderno, eficiente e bem gerido com a parceria do Porto de Roterdã".

A secretária ainda adiantou ao O POVO que a Casa Civil realiza no próximo dia 8 de dezembro um workshop, com mediação de uma consultoria, em que se pretende trazer as empresas interessadas para dialogar com as pastas de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, entre outros.

Roseane ainda destacou a  visita da CEO global da Fortscue, Julie Shuttleworth e comitiva da empresa ao Ceará, no último dia 23. "(Na visita, o) Governador fez a cobrança à Semace sobre a agilidade quanto ao licenciamento ambiental. A Fortescue já está em processo de escolha da área no Porto do Pecém. Paralelamente a isso eles estão fazendo o estudo de viabilidade. Mas quem conseguir viabilizar o início do projeto mais rápido terá mais chances e o Governo do Estado está trabalhando para isso".

 

PALESTRAS

O primeiro painel temático do I Seminário Internacional do Hidrogênio Verde ainda contou com falas da diretora comercial do Complexo do Pecém, Duna Uribe, e do diretor do Parque Tecnológico da UFC, Fernando Nunes. Na abertura do evento, mensagem virtual do governador do Ceará, Camilo Santana, e fala do presidente da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2), Paulo Emílio de Miranda.

PROGRAMAÇÃO

O seminário segue com programação nesta quinta-feira, 25. O evento ocorre de maneira híbrida, com palestras na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), mas também pode ser acompanhado online. As atividades iniciam às 8h30min, com palestras e mesas redondas, inclusive com convidados internacionais do mercado e pesquisadores do tema, e segue até o encerramento do evento, às 18 horas.

 

As cores do hidrogênio

Hidrogênio Preto: Produzido de carvão mineral (antracito) sem captura, utilização e sequestro de carbono (CCUS - Carbon Capture Utilisation and. Storage).

Hidrogênio Marrom: Produzido de carvão mineral (hulha),
sem CCUS.

Hidrogênio Cinza: Produzido do gás natural sem CCUS.

Hidrogênio Azul: Produzido a partir de gás natural (eventualmente, também a partir de outros combustíveis fósseis) com CCUS.

Hidrogênio Verde: Produzido a partir de fontes renováveis (particularmente, energias eólica e solar) via eletrólise da água.

Hidrogênio Branco: Hidrogênio natural ou geológico.

Hidrogênio Turquesa: Produzido por craqueamento térmico do metado, sem
gerar CO².

Hidrogênio Musgo: Produzido de biomassa ou biocombustíveis, com ou sem CCUS, através de reformas catalíticas, gaseificação ou biodigestão anaeróbica.

Fonte: Elaborado por EPE a partir de IEA (2019), H2-View (2020), Baker McKenzie (2020) e
Zgonnik (2020)

 

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