Do clique que finaliza a compra na internet até a chegada do produto em casa, muita gente é envolvida - e bastante dinheiro também. Na Black Friday, os números são elevados ao máximo. A data chegou ao Brasil, há cerca de dez anos, pela internet. Em 2021, com o comércio eletrônico fortalecido, a expectativa de movimentar R$ 6,38 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), significa mais emprego, mais renda e ainda a chegada de gigantes do varejo internacional no País. Uma delas, a Amazon, revelou os bastidores da Black Friday ao O POVO.
Não há hora para o fim ou o começo da operação no centro de distribuição (CD) da Amazon no Ceará, localizado às margens da rodovia 4º Anel Viário, em Itaitinga. São quatro turnos que garantem o funcionamento 24 horas mesmo em períodos de baixa temporada de compras. Para a Black Friday e as festas de fim de ano, a estrutura de 32 mil metros quadrados - equivalente a quatro campos de futebol - contou com 100 empregados a mais.
O reforço de colaboradores chega a ser metade dos 200 que já trabalham na unidade, desde a recepção dos itens até o despacho, passando por segurança e administrativo. Eles manuseiam parte dos 45 milhões de produtos em mais de 30 categorias do mix da Amazon, no Brasil.
Rafael Rosemberg, gerente de operações, conta que a estrutura montada em Itaitinga tem apenas 20% da capacidade de armazenamento utilizada até agora, o que abre margem de expansão para empresa - tanto de assumir mais produtos, quanto de contar com mais colaboradores. "Recém-inaugurado, o CD se somou aos 11 da empresa no Brasil, os quais foram responsáveis, juntos, pela geração de 5,5 mil oportunidades temporárias que se somam aos 6,3 mil associados já presentes em nossas operações".
Eles são responsáveis pela recepção, organização e embalo dos produtos comprados no site da gigante do varejo. Há ainda, segundo o gerente, um controle de qualidade na chegada do item, quando é observada a condição física do produto. Os defeituosos são descartados como lixo e levados à reciclagem, feito por uma das quatro terceirizadas com as quais a Amazon trabalha (incluem aqui alimentação e logística também).
Na tarde de ontem, quando O POVO esteve no CD, o grupo se preparava para um aumento no fluxo de produtos que deve durar, pelo menos, os próximos 20 dias - resultado das compras feitas na Black Friday de hoje e das que virão, na temporada de amigo secreto, Natal e Ano Novo.
À primeira vista, o CD da Amazon parece um grande supermercado. Alimentos são maioria dos produtos manipulados, segundo conta Rosemberg, e whey protein se destaca entre os itens armazenados no centro de distribuição. Em seguida, surpreende-se, são cuecas. Eletrônicos e smartphones surgem mais na Black Friday, de acordo com ele. Assim como os brinquedos são maioria às vésperas do dia 12 de outubro.
O calendário do varejo tem influência na movimentação do CD, segundo admite a empresa - sem citar números. Porém, depois das compras de fim de ano, o Prime Day, evento de promoções da marca, é o de maior representação no volume de vendas.
Levados às prateleiras após a catalogação feita depois da entrega pelos caminhões, os produtos só saem quando os pedidos são identificados. Daí, as equipes redirecionam os itens para o embalo. Uma rodada de esteiras e chegam a um setor que só existe no Brasil: o de etiquetagem. A fixação das nota fiscais (já enviadas por e-mail) é feita manualmente após a embalagem fechada numa resposta da empresa aos reclames dos clientes.
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O processo segue regras e busca agilidade em campanhas de incentivo aos funcionários. Todos os 300 em atividade seguem escalas de 4 dias de trabalho por 3 de folga e recebem incentivo por metas cumpridas. Além de sugestões de segurança, fluxo e demais colaborações para dotar o grupo de mais agilidade. A recompensa vem pela moeda interna do CD, o cactos. Na loja exclusiva para o funcionários, eles podem comprar canecas, squeeze e outros produtos com a marca da Amazon.
Fora do CD, os produtos ficam sob a responsabilidade de transportadoras. Mas, de acordo com a Amazon, as metas de entrega continuam sendo cobradas. Atualmente, a empresa promete entregar os pedidos em até 2 dias em mais de 700 cidades brasileiras, incluindo Fortaleza. O frete, grande vilão para os nordestinos no comércio eletrônico, é zerado aos assinantes da varejista. (Colaborou Beatriz Cavalcante)