Com o Produto Interno Bruto (PIB) estimado em R$ 67,4 bilhões, Fortaleza é a única cidade do Nordeste que está entre as dez maiores economia do Brasil. Os dados fazem parte do estudo sobre o PIB dos Municípios divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao ano de 2019, portanto, antes da pandemia.
Em 17 anos, a capital cearense saltou de 12º para 9º no ranking dos municípios do Brasil que mais geraram riquezas. Em 2018, Fortaleza já havia ultrapassado Salvador como a maior economia do Nordeste e conseguiu se manter na posição no ano seguinte.
Ao apresentar o detalhamento do dados relativos aos municípios cearenses, um estudo do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), também divulgado ontem, revelou que apesar de Fortaleza ainda representar a grande parte da produção de riquezas do Ceará, este é um quadro que vem mudando.
Entre 2002 e 2019, a concentração do PIB na Capital diminuiu 5,5 pontos percentuais (p.p). Em 2002, por exemplo, a participação de Fortaleza no PIB cearense era de 46,71%, caindo para 41,21% em 2019. E essa descentralização beneficiou principalmente as cidades da Região Metropolitana. Os municípios que sucedem a Capital são Maracanaú (5,96% de participação no PIB do Ceará) e Caucaia (ampliando sua participação de 2,91% em 2002, para 4,23%, sendo, inclusive, destaque nacional por seu desenvolvimento industrial baseado na indústria transformação de minerais metálicos).
O processo de descentralização da atividade econômica nos últimos anos tem acontecido de forma que o perfil dos municípios destaques são relativos a localidades com pouca população e projetos de sucesso. O mais consolidado é o caso de São Gonçalo do Amarante. A cidade sede do Complexo Industrial e Portuário do Pecém participava em 0,26% do PIB do Ceará em 2002. Em 2019, esse percentual chegou a 2,3% e o município possui o maior PIB per Capita do Estado, com R$ 77.639, o que a também coloca na 133ª posição no ranking nacional.
O exemplo mais recente de sucesso vem da cidade de Pereiro, sede da Brisanet. Em 2002, o município ocupava somente a 99ª posição na contribuição do PIB do Ceará. Em 2019, saltou para a 8ª posição e, com ações sendo cotadas na Bolsa de Valores e arremate no leilão do 5G, as perspectivas para o futuro são positivas.
"Como a sede da Brisanet fica no município, Pereiro se deslocou e a tendência é que nos próximos anos o município continue crescendo por conta da área de atuação da empresa, que menos durante a pandemia não parou, pelo contrário. No próximo ano, quando divulgaremos os dados de 2020, Pereiro deve se manter bem", explica o analista de políticas públicas do Ipece, Daniel Suliano.
Olhando para o ranking das cidades com as maiores economias do Brasil pouca alteração, permanece a dominância das cidades do Centro Sul do País, além de Brasília. Segundo os dados do IBGE, embora São Paulo e Rio de Janeiro tenham perdido participação de 2002 a 2019, ambos permaneceram no primeiro e segundo lugar, com participações na atividade nacional de 10,34% e 4,80%, respectivamente.
Dos dez municípios com maior PIB no ranking nacional, apenas dois não são capitais: Osasco (8º) e Campinas (10º). Neste top-10, somente Fortaleza e Manaus (6º) são do Norte-Nordeste.