Tendo perdido quase 23 mil postos de trabalho nos últimos 5 anos, a cadeia produtiva da moda do Ceará terá acesso a uma linha de crédito diferenciada durante o processo de recuperação econômica do segmento. A apresentação das condições a serem disponibilizadas pelo Banco do Nordeste (BNB) foi realizada ontem, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), aos principais sindicatos patronais que representam o setor têxtil.
Conforme o superintendente do BNB, Lívio Tonyatt Barreto da Silva, o convênio assinado com o Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas de Homem e Vestuário do Estado do Ceará (Sindroupas) e do Sindicato das Indústrias de Confecção (Sindiconfecções) prevê linhas de financiamento com prazo de até 12 anos para pagamento e carência de quatro anos. “As taxas de juros serão de 5% ao ano com foco em empresas que faturem até R$ 16 milhões por ano. Então, essa linha financia a necessidade de modernização e de ampliação desse segmento e tem uma condição muito boa de fomentar desenvolvimento”, destacou.
Ele acrescenta que o BNB não estabeleceu limites com relação ao valor total a ser destinado à nova liha de financiamento. “O que for demandado a gente consegue atender. Para você ter uma ideia, somente para micro e pequenas empresas do segmento no Ceará a gente conseguiu financiar R$ 700 milhões no ano passado antes mesmo da assinatura desse novo convênio. Então, essa parceria vai viabilizar um atendimento diferencial mais ágil, menos burocrático, com a atenção que merece o setor. Isso vai ser também uma oportunidade de ampliar nossa atuação no setor”, avaliou o superintendente do banco.
A assinatura do convênio entre o BNB e os dois sindicatos ocorre no contexto do lançamento oficial do Programa 100% CE, encampado pelas principais entidades representativas do segmento. Conforme adiantou O POVO, em dezembro do ano passado, o projeto tem entre os principais objetivos conseguir até 2029: alçar a produção industrial de moda no Ceará à terceira posição nacional, chegando a 14,2% de participação no mercado; elevar o PIB estadual do setor para R$ 8,5 bilhões; aumentar em 36,49% o número de vagas formais de emprego gerados na cadeia produtiva da moda cearense, entre outros.
Apesar de o projeto estabelecer, inicialmente, metas até 2029, o presidente do Sindroupas, Lélio Matias, prevê que o Programa 100% CE deve seguir até meados da década de 2040. “Até lá, nós temos uma série de ações que vão ser desenvolvidas para que isso possa acontecer. Nós temos o apoio integral da Fiec, do Sebrae, do governo do Estado, por meio da Câmara Setorial da Moda, além de sete sindicatos que formam a cadeia produtiva da moda no Ceará”, elencou.
Lélio Matias destaca também que o projeto “tem vários braços para atender cada necessidade, expectativa ou deficiência que se identifica na indústria, quer seja por falta de capacitação, falta de recurso ou falta de infraestrutura. Ele é uma ferramenta poderosa para revitalizar a economia cearense como um todo, não só da indústria da moda, que tem uma capilaridade muito grande. Em uma semana, que você implantar alguma coisa já está gerando dez empregos”.
Por fim, o presidente do Sindroupas defendeu também a importância de se interiorizar o programa e também de trabalhar com vistas a permitir a internacionalização das empresas. “Esse é um segmento que conta com quase 4.900 empresas formais e gera 45 mil empregos diretos no Ceará. Com essa estrutura e o nosso potencial para inovação temos tudo para conseguir ir além do mercado brasileiro e levar nossos produtos para o mundo”, defendeu.
Nesse sentido, mesmo no primeiro ano da pandemia de Covid-19, o valor exportado pelo setor de vestuário no Ceará foi de US$ 226 milhões e a meta do setor é expandir anualmente o valor exportado em, no mínimo, 5%.
(Colaboraram Armando Oliveira de Lima e Alan Magno)