O montante de US$ 230 milhões aprovados pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – ainda em 2020 e de aplicação exclusiva no programa Agronordeste – aguarda parecer da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para ter as operações de crédito iniciadas, segundo declarou a ministra Teresa Cristina, titular da pasta.
“É um financiamento de longo prazo e tem US$ 40 bilhões de contrapartida do Orçamento Geral da União já aprovado. Está na PGFN para aprovar e conseguirmos colocar esses recursos à nossa disposição. Esperamos que algumas cadeias produtivas que deixamos de fora no primeiro momento possam estar integradas e recebendo recursos desse programa. Afinal, são seis anos para execução e provavelmente vamos usar vocês do Banco do Nordeste para chegar aos produtores”, declarou a ministra.
Em 2021, o projeto contou com R$ 5,1 bilhões em 16 territórios e, desde o lançamento de 2019, soma R$ 9,75 bilhões em mais de 275 mil operações, de acordo com o Banco do Nordeste, que opera o programa. No Ceará, no último ano, os territórios de Vale do Jaguaribe/Quixeramobim e Sertão de Crateús/Inhamuns contabilizaram 9.960 operações e R$ 1,31 bilhão e 5.569 operações e R$ 72,91 milhões, respectivamente. A projeção é de que todos os números cresçam em torno de 10%, segundo estimou Luiz Sérgio Farias Machado, superintendente de Negócios de Varejo e Agronegócios do BNB.
Para agilizar essa ampliação e o atendimento ao público-alvo, José Gomes da Costa, presidente do BNB, conta que a instituição planeja criar uma superintendência exclusiva para o agro. “A gente vai criar uma área específica para atender todo o agronegócio, desde o pequeno produtor rural até às grandes corporações. Isso deve estar com elaboração concluída para envio à diretoria do banco, que é quem vai decidir sobre isso, nos próximos 20 dias tenhamos essa medida implementada”, adiantou ao lado da ministra.
Em Fortaleza para a entrega de prêmios a agropecuaristas que participaram do programa federal em 2021 e assinar acordo de cooperação visando a expansão do acesso ao crédito via Agronordeste e Programa de Fomento à Agricultura Irrigada do Nordeste (Profinor), Teresa Cristina reconheceu que, ao assumir a pasta, desconhecia as dificuldades dos agricultores e pecuaristas nordestinos e ressaltou o avanço do programa projetado na gestão dela nos últimos três anos, destacando a parceria com o Banco do Nordeste e a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec).
"O Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) investiu R$ 80 milhões no Agronordeste, com R$ 40 milhões do Governo Federal. E nós somos o grande parceiro do Agronordeste. No estado do Ceará são 127 turmas do Agronordeste, de um total de 183 turmas do Senar Estadual. Acredito que num futuro próximo nós vamos colher os frutos desse projeto", completou Amílcar Silveira, presidente da Faec e do conselho administrativo do Senar Ceará.
Gafe
"O Nordeste tem jeito! A mensagem que a gente tem lá (no Centro-Oeste) é que, no Nordeste, não se produz nada e que a gente tem que resolver o problema de água." A fala da ministra que buscou ressaltar o desempenho do Agronordeste - inicialmente desacreditado, segundo ela - soou estranho entre os presentes no BNB e gerou entreolhares. Mas o resto do discurso que enalteceu a Região amenizou o clima.