Após mais de dois anos de pandemia, as adaptações relacionadas ao trabalho remoto para as trabalhadoras mães, que eram vistas como grande desafio, já se consolidaram. Empresas com rotinas e horários mais flexíveis para esse perfil de funcionárias ganharam espaço e o home office deixou de ser o monstro que era no início da pandemia, avalia a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos Secção Ceará (ABRH-CE), Janete Bezerra.
Janete afirma que a dupla jornada na vida das mulheres que são mães e trabalham é uma questão que permeia esse relacionamento profissional entre essas trabalhadoras e seus empregadores. O trabalho de inclusão dessas mulheres no mercado de trabalho tem sido feito e ela observa avanços relevantes, principalmente com a mudança de cultura nas empresas.
A presidente da ABRH-CE cita como exemplo o caso de empresas que na rotina de home office flexibilizam horários e delimitam horários específicos separados para reuniões que envolvam as funcionárias mães, de forma a não prejudicar sua vivência no ambiente domiciliar.
"Organizar horários, das 10h às 16 horas para reuniões com mulheres. Isso é interessante, pois as mulheres são muito resilientes quanto à divisão da rotina doméstica e profissional neste período em que a casa foi lar e trabalho. E vemos que nas empresas que tomaram essa experiência de maior flexibilidade a produtividade melhorou, assim como a felicidade dessas funcionárias", destaca Janete durante o Missão Mulher, evento promovido pelo Grupo Mulheres do Brasil, Grupo de Comunicação O POVO e Sebrae.
Os desafios continuam grandes, a realidade da maioria das mães que trabalham ainda não é tão flexível, acrescenta Janete, lembrando que esse processo de volta ao trabalho presencial para muitas atividades representa um novo desafio, o que já faz algumas mulheres, como do setor de tecnologia, buscarem novas oportunidades que sejam de trabalho remoto.
O evento Missão Mulher trouxe ao Ceará a palestra da psicóloga idealizadora do Sedo - Farmácia da Mente, Fernanda Bornhausen, em que foi falado sobre vivência emocional e mental com o propósito de ajudar na manutenção da saúde física e mental.
Fernanda destaca que num momento em que as mulheres são tão cobradas nessa dupla jornada é importante não deixar a saúde de lado. "Uma hora é preciso desacelerar, pois há tanta falta de cuidado consigo mesma, diminuindo o estresse".
O evento era aberto às empreendedoras da Capital e atraiu muitas lideranças femininas, casos de Graça Bringel, da Associação de Lojistas e Líderes Femininas (Alfe), e Fanda Bastos, representante da Business People Women (BPW), que enfatizam o momento de troca de experiências com outras mulheres.
Annette de Castro, presidente do núcleo Fortaleza do Grupo Mulheres do Brasil, lembra que o evento vem fechar uma série de programações no mês das mulheres. "Há uma troca de conhecimentos e uma função social, formando uma ponte para falar de bem-estar, mostrar que podemos fazer muito mais e melhor".