O turismo no Ceará cresceu 29,2% nos primeiros dois meses de 2022. Foi o quarto melhor desempenho do Brasil no período, com destaque para a expansão dos segmentos que fazem parte dessa cadeia, como o aumento de receita obtidos por empresas dos ramos de transporte aéreo, hotéis, locação de automóveis e restaurantes. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No mês de fevereiro, o índice de atividades turísticas do Estado aponta alta de 1% frente ao mês imediatamente anterior. O percentual vai na contramão do constatado no indicador brasileiro que registrou variação negativa de 1% na mesma base de comparação. Aliás, além do Ceará, apenas Minas Gerais (6,2%) e Rio de Janeiro (0,2%) registraram alta na variação mensal.
Porém, é no comparativo com os dados de fevereiro de 2021 que o crescimento é ainda mais expressivo (43%). Foi a segunda melhor retomada no Brasil, o que demonstra forte recuperação desde que a vacinação começou e o setor passou a ter mais liberdade de atuação.
Na avaliação do economista Vicente Férrer, do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), nesta altura da pandemia, em que o Estado aparece como um dos que mais vacinou sua população no Brasil, os setores elevam seu volume de atividades e, o turismo, como grande fonte de desenvolvimento, tem contribuído bastante.
"Houve uma paralisação geral por longo período e agora vemos a tendência positiva se confirmar. No Ceará temos o turismo de litoral, religioso, de serra, e o Estado está despontando com novos equipamentos turísticos e sua boa localização são aspectos estratégicos, que devem proporcionar um crescimento do setor de turismo acima da média nacional", afirma.
O aquecimento do turismo no Estado também tem contribuído para a recuperação do setor de serviços como um todo. Em 2022, o setor acumula expansão de 20,8% no volume de atividades e vai recuperando as perdas causadas pela pandemia. Segundo o IBGE, a receita gerada pelos serviços cresceu 18,8% em fevereiro, na comparação com o mesmo mês de 2021.
Com relação ao volume de serviços prestados, o crescimento é de 12,8%. No acumulado de 12 meses, o Estado computa alta de 17,6%. Apesar do resultado de fevereiro ter apresentado ligeira queda (-1,1%) ante o forte crescimento de janeiro, a expectativa segue positiva para os próximos meses. Segundo a professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Alessandra Araújo, essa recuperação é muito relevante para a saúde da economia cearense, uma vez que o resultado do setor é relevante para a composição do Produto Interno Bruto (PIB) estadual.
Além da forte participação na composição da economia, os serviços também têm força no mercado de trabalho. "O setor de serviços traz divisas para o Estado de forma relevante, uma vez que temos uma economia composta em sua maioria por esse setor, é um setor de mão de obra intensa, desde a pessoa que tem menos renda e qualificação, passando por manicures, cabeleireiro até os lava-jatos. Assim como também existem serviços altamente especializados, como os de tecnologia da informação e comunicação (TIC). Então é um setor bastante democrático na demanda por mão de obra", destaca Alessandra.
Dentre as atividades que fazem parte do setor, destaque para os resultados positivos dos serviços prestados às famílias, que apresentou alta de 50% em volume e de 56,2% na receita. Os serviços de informação e comunicação (+19%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (+7,8%) também tiveram alta. A queda ficou por conta dos serviços de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-3,2%).