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Arrecadação cresce no Ceará, mas perdas em impostos importantes deixam alerta ligado
Economia

Arrecadação cresce no Ceará, mas perdas em impostos importantes deixam alerta ligado

No caso da arrecadação própria, houve uma variação positiva nominal de 9,73% ante o resultado de março de 2021. Porém, quando é descontada a inflação do período, houve um decréscimo de 1,41%.
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ICMS segue sendo a principal fonte de recursos do Tesouro  (Foto: Bárbara Moira)
Foto: Bárbara Moira ICMS segue sendo a principal fonte de recursos do Tesouro

A arrecadação no Ceará atingiu, em março, a marca de R$ 2,258 bilhões. Acréscimo nominal de 11,68%, em relação a igual mês de 2021. Deste montante, R$ 1,4 bilhão foi proveniente de receita própria, ou seja, do pagamento dos impostos estaduais. O que equivale a 66% do total. Os dados fazem parte do Boletim de Arrecadação divulgado pela Secretaria Estadual da Fazenda do Ceará (Sefaz-CE). 

No caso da arrecadação própria, houve uma variação positiva nominal de 9,73% ante o resultado de março de 2021. Porém, quando é descontada a inflação do período, houve um decréscimo de 1,41%. Já as transferências constitucionais no período tiveram acréscimo nominal de 15,65% e de 3,91% em valores reais.

O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) segue sendo a principal fonte de recursos do Tesouro Estadual, sendo responsável por trazer R$ 1,289 bilhão aos cofres públicos no mês. No comparativo com igual período de 2021, houve crescimento nominal de 6,01%, mas uma queda de 4,75% em valores atualizados.

Segundo Hugo de Brito Machado Segundo, membro do Instituto Cearense de Estudos Tributários (ICET), a provável razão para a queda de arrecadação de ICMS é o próprio cenário de retração no consumo, em um contexto de crise econômica e inflação elevada. “O ICMS alcança basicamente o consumo e é natural que quando haja uma retração nele, haja perda arrecadatória”, explica.

No mês também houve queda na receita que vem das Taxas da Administração Direta. O montante arrecadado de R$ 1,6 milhão, em valores reais, é 9,34% menor do que em março de 2021. Por outro lado, o desempenho da arrecadação do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) cresceu 28,02% no período e somou R$ 181,2 milhões. 

Resultado do primeiro trimestre

No acumulado do primeiro trimestre, as receitas chegaram a R$ 7,875 bilhões, encerrando o período com variação nominal acumulada de 15,60% e atualizada pelo IPCA de 4,45%, em relação ao mesmo período de 2021. Em valores reais, a arrecadação própria acumulou uma variação positiva de 1,59%, enquanto as transferências constitucionais tiveram um acréscimo de 9,68%.

Ao analisar os dados da arrecadação do trimestre, apesar da arrecadação advinda das transferências constitucionais terem tido crescimento mesmo após o desconto da inflação, é possível perceber uma queda importante de alguns tributos. A exemplo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), um tributo federal, cuja receita compõe o Fundo de Participação dos Estados (FPE).

No primeiro trimestre deste ano, o Ceará recebeu R$ 14,5 milhões de IPI. São mais de R$ 1,9 milhão a menos do que em igual período do ano passado. A queda nominal é de 11,80% e a atualizada em valores reais chega a 20,37%.

Em fevereiro deste ano, o Governo Federal por meio de medida provisória reduziu o imposto em 25% para a maioria dos produtos. Em abril, esse percentual de desoneração foi ampliado para 35%.

Além das reduções da cobrança do IPI promovidas, também o cenário de recessão que enfrenta o País ajuda a explicar porque o Ceará recebeu menos transferências da União referente a esse tributo

O economista Davi Azim, que integra o Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE) lembra que “com o poder aquisitivo das pessoas sendo reduzido, tendo em vista a inflação em alta, há nós te uma redução também na demanda por produtos de valor agregado mais elevado, tais como automóveis e a chamada linha branca”.

Outra fonte a registrar queda na arrecadação foi a proveniente da Lei Kandir. No acumulado até março deste ano, foram repassados ao Estado R$ 7,8 milhões. Queda de 18,46% em valores nominais e de 26,15%, quando descontada a inflação.

Por outro lado, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), também de competência federal, subiu 105,27%, sendo repassados R$ 5,9 milhões ao Ceará.

Procurada para comentar os resultados de arrecadação no Estado, a secretária da Fazenda do Ceará, Fernanda Pacobahyba, não havia respondido a nossa reportagem até o fechamento desta edição. (Colaborou Adriano Queiroz)

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