Pouco mais de 344 mil beneficiários de planos de saúde individuais ou familiares no Ceará devem ser impactados com reajuste de até 15,8% estimado por entidades representativas das operadoras de saúde suplementar. Em todo o Brasil, esse número é de aproximadamente 8,9 milhões de pessoas.
O aumento para esse tipo de plano é regulamentado anualmente pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a fórmula para calculá-lo leva em conta uma série de variáveis verificadas no ano imediatamente anterior. Em 2021, por exemplo, houve um reajuste negativo de 8,19% devido em grande parte a redução de despesas que as operadoras tiveram por conta dos reflexos do primeiro ano de pandemia de Covid-19, incluindo o adiamento de cirurgias eletivas.
O mesmo não deve se repetir em 2022, uma vez que no ano passado houve aumento de despesas médicas e prejuízos, segundo afirmam as entidades que representam as operadoras de saúde suplementar. A expectativa é que a ANS estabeleça o percentual desse reajuste já na próxima semana. Segundo a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) o reajuste deve ser de 15,7%, o que representaria o maior aumento em 21 anos. Já a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) projeta um reajuste ligeiramente superior, de 15,8%.
Apesar das estimativas de reajuste para 2022 serem elevadas, o superintendente executivo da Abramge, Marcos Novais, defende que o consumidor, na prática, teve um aumento bem inferior ao registrado em outros serviços durante o ciclo pandêmico. “Quem tinha um plano de saúde com mensalidade de R$ 100 no início de 2021, passou a pagar R$ 91,81 após o reajuste negativo autorizado no ano passado pela ANS e, agora, pagará R$ 106,22, caso se confirme a nossa estimativa. Ou seja, no fim das contas ele teve um reajuste de 6,22% em relação ao que pagava há dois anos”, exemplificou.
Já a FenaSaúde argumenta que tal patamar de aumento é necessário para reverter prejuízos acumulados ao longo de dois anos de pandemia e evitar falências. Em 2021, conforme dados levantados pela entidade, 191 operadoras de saúde encerraram o ano com prejuízo. Das operadoras que estão com prejuízo no funcionamento, 133 são de pequeno porte, 46 de médio e 12 de grande porte. Juntas, essas empresas prestam assistência médica para 11 milhões de brasileiros.
"O reajuste de 2021 refletiu a queda do uso do sistema de saúde complementar em 2020 e resultou em um reajuste de plano individual negativo, o que nunca tinha acontecido antes. Em 2022, os reajustes já refletiram e refletirão a alta da demanda pelo serviço em 2021, com retorno da demanda reprimida e influenciada pela alta de custo em todos os produtos, insumos e matérias-primas", justificou Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde.
Ainda segundo a entidade, os gastos com despesa assistencial cresceram 24% ao longo de 2021 e o setor de saúde suplementar no Brasil operou com prejuízo operacional de R$ 919,7 milhões, nesse período. O País também teria apresentado a quarta maior inflação médica do mundo, de acordo com dados da consultoria AON, com alta generalizada nas despesas do setor estimada em 12,8% ao ano, atrás apenas da Costa do Marfim, cuja taxa é de 16%; de Uganda, que registrou 15,7%; além da Malásia, com 13,6%.
A reportagem procurou as duas principais operadoras de plano de saúde a atuarem no Ceará para comentar a perspectiva de reajuste. O HapVida afirmou seguir o entendimento da Abramge, entidade ao qual é associado. Já a Unimed Fortaleza afirmou que “aguardará a divulgação das informações oficiais da ANS para se posicionar sobre os reajustes”. (Colaborou Alan Magno)
NO CEARÁ
PERFIL DO USUÁRIO DE PLANOS DE SAÚDE
Taxa de cobertura: 15,27%
Total de beneficiários: 1.314.143
Beneficiários por tipo de contratação
Individual ou familiar: 344.452
Coletivo empresarial: 818.287
Coletivo por adesão: 150.812
Coletivo não identificado: 9
Não identificado: 603
Fonte: ANS
Mercado de saúde no Ceará
Taxa de cobertura: 15,27%
Total de beneficiários: 1.314.143
Beneficiários por tipo de contratação
Individual ou familiar: 344.452
Coletivo empresarial: 818.287
Coletivo por adesão: 150.812
Coletivo não identificado: 9
Não identificado: 603
Fonte: ANS