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Presidente da Petrobras é demitido em pouco mais de 40 dias no cargo; Novo nome já é indicado
Economia

Presidente da Petrobras é demitido em pouco mais de 40 dias no cargo; Novo nome já é indicado

| Combustíveis no foco | Pressionado em ano de eleição, presidente Bolsonaro quer estabilidade nos preços e, por isso, já trocou comando do MME, que motivou troca na Companhia
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José Mauro Coelho pede demissão da presidência da Petrobras na manhã desta segunda-feira, 20 de junho (Foto: Jefferson Rudy/Ag, Senado)
Foto: Jefferson Rudy/Ag, Senado José Mauro Coelho pede demissão da presidência da Petrobras na manhã desta segunda-feira, 20 de junho

O Governo Federal fez uso do poder de acionista controlador da Petrobras para trocar, pela segunda vez em pouco mais de 40 dias, o comando da companhia. José Mauro Coelho foi demitido na noite de ontem em um comunicado publicado no site do Ministério de Minas e Energia publicado às 21h31. Caio Paes de Andrade, secretário especial de desburocratização do Ministério da Economia para substituí-lo, foi indicado formalmente para o cargo.

É o segundo nome do grupo do ministro Paulo Guedes (Economia) a ganhar poder no setor de energia do Governo Bolsonaro. O primeiro é o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. No centro das mudanças está a pressão do presidente para manter os preços dos combustíveis sem elevação, o que foi descartada pelos últimos presidentes da Companhia.

Bento Albuquerque, que antecedeu Sachsida, foi demitido após a Petrobras ter aumentado o preço do diesel dias depois de o presidente pedir ao ex-ministro e a Coelho que não aumentassem o preço durante uma transmissão nas redes sociais.

Ao escolher Sachsida, ex-secretário do ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro cobrou mudanças na postura da empresa. O presidente não se conforma que a petroleira tenha um lucro bilionário e não possa dar uma "trégua" nos reajustes de gasolina, diesel e GLP durante a guerra da Rússia com a Ucrânia, período de alta volatilidade dos preços internacionais. Bolsonaro quer que as movimentações sejam feitas em espaço de tempo maior.

Histórico

Coelho é o terceiro presidente da Petrobras a ser demitido no governo Bolsonaro e foi escolha de Bento depois que dois nomes foram descartados - Adriano Pires e Rodolfo Landim - por conflitos de interesse com a indústria de óleo e gás. Foi Bento que fez a negociação e bancou o nome de Coelho depois de barrar a indicação de Caio Paes de Andrade.

Com o preço alto dos combustíveis e de energia elétrica ameaçando sua reeleição, Bolsonaro vem demonstrando insatisfação em relação à gestão de Coelho à frente da Petrobras. Neste mês, disse que que a petroleira está "gordíssima, obesa", em referência ao lucro da estatal de R$ 44,56 bilhões no primeiro trimestre do ano. "Petrobras, você é Brasil! Ou quem está aí dentro não pensa no seu país? O povo está sofrendo bastante com o preço do combustível", disse Bolsonaro a jornalistas após discursar em uma feira agropecuária em Maringá (PR).

A União é o maior acionista da empresa, ou seja, recebe a maior parte dos dividendos da estatal, que vão direto para o caixa do governo. A governança da estatal tem sido uma barreira a impedir uma mudança na política de reajustes de paridade internacional.

Novo indicado

Caio Paes de Andrade, novo indicado para o cargo, fez parte da lista que chegou às mãos do ministro Bento Albuquerque há pouco mais de 40 dias, mas foi descartado pelo ex-dirigente da pasta. Descrito no site do Ministério da Economia como "empreendedor serial em tecnologia de informação e mercado imobiliário", ele tem formação em Comunicação Social pela Universidade Paulista, pós-graduação em Administração e Gestão pela Harvard University e Mestre em Administração de Empresas pela Duke University.

O currículo ainda atesta a falta de experiência em energia/petróleo e gás que o desclassificou para o cargo na gestão de Bento Albuquerque: é fundador e conselheiro do Instituto Fazer Acontecer; foi Presidente do Serpro Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) até agosto de 2020, quando assumiu a Secretária Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, onde era responsável pela Plataforma gov.br, além de ser membro do Conselho de Administração da Embrapa e da Pré-Sal Petróleo S.A.

Confira nota oficial do Ministério de Minas e Energias

O Governo Federal, como acionista controlador da Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, participa que decidiu promover alteração da Presidência da Empresa.

O Governo consigna ao Presidente José Mauro os agradecimentos pelos resultados alcançados em sua gestão, frente a Petrobras. O Brasil vive atualmente um momento desafiador, decorrente dos efeitos da extrema volatilidade dos hidrocarbonetos nos mercados internacionais.

Adicionalmente, diversos fatores geopolíticos conhecidos por todos resultam em impactos não apenas sobre o preço da gasolina e do diesel, mas sobre todos os componentes energéticos. Dessa maneira, para que sejam mantidas as condições necessárias para o crescimento do emprego e renda dos brasileiros, é preciso fortalecer a capacidade de investimento do setor privado como um todo. Trabalhar e contribuir para um cenário equilibrado na área energética é fundamental para a geração de valor da Empresa, gerando benefícios para toda a sociedade.

Assim, o Governo Federal decidiu convidar o Sr Caio Mário Paes de Andrade para exercer o Cargo de Presidente da Petrobras. O Sr Caio Paes de Andrade é formado em Comunicação Social pela Universidade Paulista, pós-graduado em Administração e Gestão pela Harvard University e Mestre em Administração de Empresas pela Duke University.

Portanto, o indicado reúne todos as qualificações para liderar a Companhia a superar os desafios que a presente conjuntura impõe, incrementando o seu capital reputacional, promovendo o continuo aprimoramento administrativo e o crescente desempenho da Empresa, sem descuidar das responsabilidades de governança, ambiental e, especialmente, social da Petrobras.

Por fim, o Governo renova o seu compromisso de respeito a governança da Empresa, mantendo a observância dos preceitos normativos e legais que regem a Petrobras.

(Com Agência Estado)

Demissões

O primeiro presidente da Petrobras no governo Bolsonaro foi Roberto Castelo Branco, que defendia a política de preço da companhia. Fritado no governo, foi substituído pelo General Joaquim Luna e Silva. O militar também saiu após insatisfação do presidente com os aumentos dos combustíveis. Foi quando José Mauro Coelho assumiu após a desistência de dois nomes.

Preços

A política de preços da Petrobras nivela os valores cobrados no mercado nacional aos do exterior. Com isso, sob pressão de dólar e barril de petróleo, a escala de preços vem assolando a economia das famílias brasileiras e diminuindo a popularidade do presidente

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