No Ceará, nos primeiros cinco meses do ano, o saldo de empregos formais, entre admissões e demissões, registrou maior incidência em postos de trabalho operacionais, ligados ao setor de Serviço. Sendo que, entre as dez primeiras ocupações, a média salarial é pouco acima de um salário-mínimo.
De acordo com dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, dentre as vagas com maior saldo de empregos no Estado neste ano, está a de faxineiro, com um resultado positivo em 2.973 empregos.
Em seguida, aparecem: assistente administrativo (1.889); preparador de calçados (1.419); alimentador de linha de produção (1.389); e auxiliar de escritório (1.200).
Por outro lado, quando se observa as atividades com o pior saldo de empregos, ou seja, onde houve mais demissões que contratações, quem lidera a lista é o cargo de vendedor do comércio varejista, que acumula um saldo negativo em 1.466 empregos.
Em seguida aparecem as ocupações de trabalhador no cultivo de espécies frutíferas rasteiras (-974); o operador de telemarketing receptivo (-811); o operador de telemarketing técnico (-797); e o cargo de costureiro na confecção em série (-588).
Para Erle Mesquita, analista de mercado de trabalho do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), responsável pelo levantamento, estes dados refletem a dinâmica da economia atual.
"Vimos a maiores perdas de vaga no setor do Comércio, pois o cenário está muito difícil pelo contexto do desemprego elevado e da inflação que tem prejudicado o consumo. E isso repercute fortemente no Comércio com a baixa de ocupações neste setor de atividades”, explica.
Entretanto, outros setores têm tido a dinâmica mais favorável, como o de Serviços. “Este setor puxou a economia nestes cinco primeiros meses. Dos quase 20 mil postos que foram gerados no Estado, 18.326 foram do setor de Serviços, o que representa cerca de 80%”, informa o analista.
Outra constatação é que o trabalho terceirizado tem ganho cada vez mais espaço. Indo desde a faxina à zeladoria. “Vemos que a verticalização da cidade está muito forte nos últimos anos. Então essa parte de conservação, limpeza e vigilância de prédios residências e comerciais tem puxado muito a dinâmica dos postos de trabalho."
Das vagas de empregos geradas no Estado neste ano, 71% estão concentradas em Fortaleza. Antes da pandemia, essa distribuição era mais pulverizada entre as demais regiões do Estado.
Ele destaca que é possível perceber também o impacto das sucessivas reformas trabalhistas feitas nos últimos anos no País.
“Além disso, temos um padrão salarial muito baixo e, na prática, quando uma empresa contrata um trabalhador na modalidade padrão, paga salários cada vez mais baixos. Observamos que as ocupações mais frequentes geralmente elas recebem em torno do salário-mínimo ou o piso da categoria”, informa
Essa afirmativa é validada pelo Guia de Ocupações do Ministério do Trabalho e da Previdência. Das 10 ocupações com saldo positivo no Ceará, apenas uma, assistente administrativo, que registra remuneração mensal superior a dois salários-mínimos, pagando a média salarial de R$ 3.497. Já a ocupação de sapateiro (calçados sob medida) é a menor com rendimento de R$ 1.334.
A gestora da MRH, Fabiana Paiva, concorda que está tendo uma retomada na contratação no Estado. Para conquistar uma vaga é preciso estar atento a novas tecnologias.
“Estar atento ao LinkedIn, porque hoje esta é a ferramenta mais pelos recrutadores encontrar os profissionais, assim como grupos de WhatsApp. E para quem não tem domínio tecnológico o ideal é pedir ajuda para alguém da família. As empresas não estão mais recebendo currículo”, ressalta.
Outra dica da especialista é que o profissional faça o maior número de cursos possíveis. Atualmente, existe muitos cursos grátis. E, também quando for chamado para uma entrevista, pesquise antes sobre a empresa e confirme se os valores e propósitos da entidade coincidem com os do profissional.