Após anos de espera, os empresários do setor de energia tem um prazo para a regulamentação da produção de energia eólica offshore: até o fim de 2022. Quem diz ao O POVO é um dos maiores empresários do ramo e que acompanha essas interlocuções com o Governo, Lauro Fiuza Júnior.
Segundo o empresário, fundador da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) e presidente do Conselho do Grupo Servtec, além dos técnicos do Ministério de Minas e Energia (MME), há consonância da importância da regulamentação no Palácio do Planalto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente Jair Bolsonaro já defendem a pauta como prioridade como forma de viabilizar investimentos internacionais no Brasil.
Com a experiência de quem apresentou ao MME as melhores práticas europeias em produção de energia por fontes eólicas, o que atentou o governo brasileiro para a oportunidade ainda no início da década passada, Lauro acredita que os avanços em prol da energia limpa sejam contínuos, como políticas de estado.
Investimentos em offshore a Servtec tem vários, sendo os mais recentes por meio de uma Joint Venture com a multinacional australiana Macquarie, para aplicar R$ 50 bilhões no Ceará, num projeto de 3,8 GW. Há ainda projeto de aplicação de recursos em offshore no Espírito Santo (500 MW) e Rio Grande do Sul (4,2 GW).
Em junho passado, outra parceria foi anunciada. Junto com a Corio Generation (a terceira maior do mundo neste mercado), a Servtec deve implantar outros cinco parques eólicos offshore no Brasil, num total de 5 GW de capacidade. O valor do investimento não foi divulgado.
"Estamos na fila da regulamentação da produção offshore, a que todos nós estamos empenhados que seja acelerado e aconteça ainda neste ano", disse.
O empresário participou na semana passada do painel “O Hidrogênio Verde na descarbonização da mobilidade”, durante o Fiec Summit, e apontou os desafios da energia eólica offshore no Brasil.
Na sua avaliação, a produção de hidrogênio verde (H2V) é a principal alternativa para o mundo neste processo de mudança da matriz energética. "Será fortemente utilizado na indústria de aço, de cimento, de vidro, de plástico e no transporte, como em caminhões, ferrovias, aviação e carro. Além de, principalmente, ser utilizado na geração de energia".
"O Ceará desponta como uma liderança nesse processo porque foi aqui onde se despertou para ousar dessa grande possibilidade de energia verde que temos a produzir H2V", afirma.
Lauro sintetiza: "Tivemos sorte de que atos governamentais dos últimos 35 anos culminaram na construção do Porto do Pecém, depois transformando numa Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e num Complexo Industrial e finalizando atraindo o Porto de Roterdã. É uma soma de fatores que nos colocam nesse patamar".
Garantias
Lauro afirma que o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes (Economia) enxergam o setor como forma de garantir investimento internacional no Brasil