A empresa chinesa de aerogeradores eólicos Goldwind tem acordo negociado para instalação de uma planta industrial no Complexo do Pecém. O Governo do Ceará aguarda retorno da companhia, que é a maior do mercado chinês, para marcar a assinatura. A informação foi confirmada pelo secretário do Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Sedet) do Ceará, Maia Jr.
Por enquanto, não há maiores detalhes sobre qual tamanho terá a operação, mas os chineses visam atender a demanda do hub de hidrogênio verde (H2V) que está sendo formado no Pecém.
A ideia da fábrica de aerogeradores é rivalizar na oferta com a Vestas, principal player internacional do setor e com fábrica no Estado há anos.
O foco da estrutura chinesa no Ceará será tanto na produção de pás eólicas tanto para projetos onshore (em terra) quanto offshore (no mar).
O consultor de Energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço, destaca que o movimento de mercado da Goldwind deve ser positivo para o Ceará, já que o mercado chinês cresceu em demanda e fortaleceu as empresas da cadeia, que demonstram apetite em ampliar sua participação.
“Com Vestas e Goldwind, o Estado se torna de vez um polo produtor de aerogeradores para o Brasil, pela importância e dimensão dessas empresas. É uma confirmação bastante alvissareira”.
"O Ceará tem quase 30 GW de projetos de produção de energia eólica offshore no Ibama para licenciar. Estamos construindo esse futuro para o Estado numa oportunidade de grandes dimensões", afirma o secretário.
Outra empresa com negociações abertas com o Estado é a canadense Ballard, que é uma indústria fabricante de células de combustíveis, que está interessada em desenvolver negócios com hidrogênio para veículos leves e pesados, mas também trens e indústria marítima. "Acho que vai dar alguma coisa".
O secretário ainda revela que outros investidores foram recebidos para conversas recentemente, como um empreendedor em energia solar que vai implantar em uma única fazenda projeto de 2 GW, num total de 5 GW que pretende implantar no Estado. Outra prospecção de negócios foi feita com um grupo de investimentos buscando informações sobre o Ceará.
Maia Jr destaca que a agenda de visitas de investidores interessados no Complexo do Pecém tem sido intensa. O titular da Sedet destaca que se somarmos os protocolos de produção de hidrogênio - 20 assinados e dois negociados, além de sete em negociações, com geração de energia, podemos chegar a aproximadamente 50 projetos correlatos ao hub de hidrogênio.
A negociação do Estado com Goldwind e Ballard envolve a instalação das indústrias na Zona de Processamento de Exportações (ZPE) no Complexo do Pecém. Ao O POVO, o presidente da ZPE, Eduardo Neves, destaca que o nível de ocupação da ZPE I pode chegar a 100% caso os acordos sejam realmente viabilizados e os contratos assinados.
"De pré-contratos, hoje temos 30% a 40% da área. Juntando com a ocupação estimada a partir dos protocolos de intenção, temos uma ocupação de área projetada acima de 80% do espaço da ZPE I."
A ZPE tem uma área poligonal total de 6 mil hectares, com 590 hectares ocupados, mais 1,9 mil hectares reservados ao hub de hidrogênio, refinaria, termelétrica, as fábricas de veículos elétricos e os clusters de energias renováveis. Eduardo diz que caso os protocolos todos vinguem e contratos sejam assinados, será preciso iniciar a ocupação da ZPE II nos futuros contratos.
"O hub de H2V está todo dentro da ZPE, além de tratar com clusters de energias renováveis, como a produção de pás eólicas e rolamentos. A Zona é o grande diferencial do Ceará, a cereja do bolo na questão tributária, além do sol, vento, água e estrutura logística", completa.
AMÔNIA VERDE
O Píer 2 do Porto do Pecém em breve passará a movimentar amônia verde, vetor de transporte do H2V após processo químico, além de outros granéis líquidos, como gasolina, diesel e GNL. Até então, o píer era dedicado ao gás natural. A mudança já é dada como certa pelo Complexo do Pecém e deve entrar em vigor nos próximos anos.