O presidente da República, Jair Bolsonaro, pediu ontem a banqueiros reunidos em evento promovido pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), em São Paulo, que reduzam juros cobrados sobre empréstimos consignados contraídos por inscritos no Benefício de Prestação Continuada (BPC).
A possibilidade foi autorizada na semana passada para beneficiários do BPC, do Auxílio Brasil e do Renda Mensal Vitalícia (RMC).
"Faço apelo para vocês agora, vai entrar pessoal do BPC no consignado. Isso é garantia, desconto em folha. Se puderem reduzir o máximo possível", declarou o presidente no evento, citando o episódio em que pediu a supermercadistas a redução da margem de lucro em produtos da cesta básica.
Lei sancionada na última quarta-feira autoriza a concessão de crédito consignado a inscritos nos programas de renda do governo, ao limite de 40%. O percentual é o mesmo destinado aos consignados que são carteira assinada em regime CLT, militares e servidores públicos.
Instituições bancárias, no entanto, resistem a aderir à proposta, vista pela campanha à reeleição como possível alavanca para Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto.
O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, disse na sexta-feira que o banco não vai operar o empréstimo consignado do Auxílio Brasil pelo caráter transitório e, assim, de risco, do benefício. O Auxílio de R$ 600 vence em dezembro.
Antes dele, os bancos Inter e Santander já informaram que não têm o serviço, e o Itaú afirmou recente que não tem perspectiva de vir a oferecer.
Na tentativa de se aproximar do setor financeiro, o presidente também afirmou que os banqueiros precisam julgá-lo pelas suas ações. "Não assinar cartinha", alfinetou, em referência aos manifestos em defesa da democracia articulados em reação à ofensiva sem provas do governo sobre a lisura do sistema eleitoral brasileiro - e que contou com a assinatura de banqueiros.
"Vocês têm que olhar na minha cara, ver minhas ações e me julgar por aí. Não assinar cartinha", afirmou o chefe do Executivo na Febraban, em crítica aos manifestos organizados por Fiesp e USP. "Quem quer ser democrata não tem que assinar cartinha, não", reiterou. (AE)