Setembro é marcado pela abertura da temporada de exportação das frutas. O Ceará, junto com o Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia, são os grandes produtores de melão e melancia. Outras frutas como abacaxi, limão, manga, também aparecem nesse cenário de vendas para fora do País.
A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) projeta uma redução em torno de 15% nas exportações.
Segundo Luiz Roberto Barcelos, diretor Institucional da Abrafrutas e sócio da Agrícola Famosa, de um modo geral, a fruta brasileira está apresentando uma redução nas exportações.
“Nesse momento pós-pandemia, o volume deve ser um pouco menor porque os custos de produção estão muito altos”, destaca, lembrando que problemas de frete marítimo também influenciam nesse resultado.
Barcelos comenta que diferente de outros nichos de mercado, as frutas tiveram um aumento de exportação durante a pandemia.
“As pessoas em casa comeram mais fruta. Além disso, tem a questão da saudabilidade, já que as frutas têm um apelo de melhorar o sistema imunológico. Por isso, o cenário na pandemia apresentou crescimento”, diz o diretor da Abrafrutas, comentando ainda que os níveis de exportação deste ano devem voltar aos que se tinha no pré-pandemia da covid-19.
Por esses motivos, a expectativa é de que o faturamento também tenha um pequeno recuo. “No ano passado, o Brasil exportou R$ 1,060 bilhão de todas as frutas, mas esse ano deve ficar um pouquinho abaixo”, destaca Barcelos.
Especificamente com relação ao Ceará, ele afirma que o estado continua sendo muito forte na exportação de melão, que é o carro-chefe, e de melancias, sendo que essa que tem crescido bastante. As duas frutas têm como principal destino os países europeus: Inglaterra, Holanda e Espanha.
“Melão tem crescido nos últimos anos, mas a melancia é uma fruta de destaque, que tem crescido muito. Outras frutas com crescimento são o limão, o abacate e a manga. Essas são as frutas que mais cresceram ultimamente.”
Sobre o mercado consumidor internacional, o diretor Institucional da Abrafrutas ressalta que não há nenhum com grande crescimento, porém, ele destaca os Estados Unidos como um local “que tem comprado um pouco mais de frutas nossas”.
“O mercado europeu cresce pouco e estamos tentando acessar mercados asiáticos com outras frutas, mas temos ainda uma restrição na questão da logística”, explica Barcelos.
O especialista em comércio exterior Augusto Fernandes, relata que além do período de pandemia e pós-pandemia, a guerra entre Rússia e Ucrânia também afetou a exportação de frutas.
“Há um levantamento que mostra que a Rússia está consumindo 70% mais frutas, sendo que ela não produz. Assim, o monitoramento dos portos naquela região mostram que essas frutas vêm, principalmente, da américa latina.”
Ele afirma que empresas exportadoras estão projetando um aumento de 5% a 10% neste mercado. A expectativa, nesta safra, é de que o volume de seis mil contêineres, divididos em seis grandes empresas de exportações seja mantido, conforme Fagundes.
Porto do Pecém oferece três serviços
Para essa temporada, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém está com três serviços para escoar a produção de frutas. Segundo a diretora de Relações Institucionais do complexo, Rebeca Oliveira, amanhã, 9, inicia o serviço da empresa MSC de transporte para o norte da Europa. A mesma empresa, no próximo dia 26, também inicia o serviço dessa temporada, dessa vez para a área do Mediterrâneo.
Além disso, há um serviço fixo, que ocorre todos os domingos, da empresa Hamburg Süd, que leva as frutas, geralmente, para os Estados Unidos e Canadá. "Tivemos uma manutenção das rotas. Esse é o quarto ano do serviço da MSC para a Europa, e a rota para os Estados Unidos já está com mais de 17 anos de atuação", comenta Rebeca.
A diretora ressalta que a projeção é de ter um movimento semelhante ao da safra passada, que foi de 800 contêineres por semana, em média, saindo do Complexo do Pecém entre os três serviços oferecidos, durante os seis meses (de setembro ao final de fevereiro). "Neste ano, tudo ocorreu dentro do fluxo normal. Teve a chuva quando deveria vir, tiveram os contratos com as linhas de navegação, os dois navios estão vindo, então nós temos uma expectativa muito boa e muito positiva."
Os portos do nordeste são os que mais atuam em exportações de frutas no País, conforme a Abrafrutas. Os portos do Pecém e de Fortaleza, no Ceará, e o de Natal, no Rio Grande do Norte, recebem frutas do Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco. O porto de Salvador também atua nesse serviço, assim como o porto de Santos (SP).
Porto de Fortaleza aposta em navios refrigerados
No Porto de Fortaleza o transporte de frutas ocorre tanto no pallet como em contêineres refrigerados. Esse diferencial faz com que Rinaldo Lira, coordenador de gestão de negócios da Companhia Docas do Ceará, que administra o local, projete para essa safra, um crescimento de 200 mil toneladas de frutas em relação a igual período do ano passado.
O aumento viria da demanda de todos os clientes, não só os da região de Mossoró (RN), mas também do Ceará e de Petrolina (PE). E nas duas modalidades (pallet e carga refrigerada) e todas as frutas.
"Somos um porto-cidade dentro da capital e estamos na divisa com o Rio Grande do Norte, mais especificamente com a região de Mossoró, que movimenta grande parte da exportação de frutas do País", comenta Lira, ressaltando que a perspectiva é de que a região de Mossoró movimente nesta safra 2022/2023 cerca de 400 mil toneladas de frutas destinadas à exportação, principalmente, melão. "O que deve movimentar cerca de R$1,1 bilhão."
Ele destaca que, juntamente com o trigo e o granel líquido, as frutas (principalmente melão e melancia) são hoje o grande carro-chefe do Porto de Fortaleza.