O Ceará ultrapassou no mês de agosto a marca de 5,3 gigawatts (GW) de geração de energia, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Porém, essa capacidade deve mais que dobrar de tamanho nos próximos anos, quando entrarem em operação os novos empreendimentos que já possuem potência outorgada pela reguladora.
São 141 novos projetos ao todo, com potência estimada em 7,3 GW. O que elevará a capacidade de geração no Estado para 12,6 GW.
Destes, três estão atualmente em construção - dois solares e uma eólica - que podem agregar mais 172,7 MW de potência. Outros 138 empreendimentos, cujas obras ainda não foram iniciadas, somarão mais 7,2 GW de potência outorgada, conforme dados do Sistema de Informações de Geração da Aneel (Siga).
"São projetos já confirmados e com energia contratada, que devem entrar em operação em três, quatro anos. O grande aumento vem das contratações de energia solar fotovoltaica que tem sido bem privilegiada, são pelo menos 4,7 GW de potência. Sem dúvida, é um grande salto no desenvolvimento do setor no Estado", avalia o consultor em energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço.
Ele pondera, porém, que esse é um movimento observado não apenas no Ceará, mas no Nordeste. O Piauí, por exemplo, tem 4,3 GW de potência instalada e deve incorporar mais 8,3 GW na matriz elétrica nos próximos anos.
Picanço explica que esses projetos devem atender principalmente a demanda do mercado livre de energia. Ou seja, a contratada de produtores independentes.
"O mercado livre de energia é o que mais tem crescido porque as concessionárias são obrigadas a liberar os consumidores que desejam migrar para lá. Tanto é que tem sido pequena a quantidade de energia contratada em leilão."
Dados da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel) mostram que o ambiente de contratação livre cresceu 19% em 12 meses e atingiu a marca de 28,9 mil unidades consumidoras atendidas no País. O número, apesar de representar apenas 0,03% do total de consumidores, já é responsável por 38% da energia elétrica consumida no país.
Em agosto, foram incorporadas à matriz elétrica brasileira 650,14 megawatts (MW). Deste montante, 57% provém de usinas solares fotovoltaicas e 220,15 MW (34%), de eólicas. Trata-se da segunda melhor marca do ano, superada apenas pelo mês de julho, no qual entraram em operação 708,78 MW.
Em 2022, até 31 de agosto, houve incremento de 3.706 MW de potência nas usinas, o que elevou a capacidade instalada do País de geração de energia para mais de 185 GW. De acordo com a Aneel, a Região Nordeste responde por 59% desta potência adicional instalada.
O Ceará foi responsável por 201 MW incorporados à matriz elétrica neste ano. É o sétimo estado que mais expandiu a capacidade instalada de produção de energia. No Brasil, quem lidera o ranking de expansão é a Bahia (671,67 MW). Seguida de Minas Gerais (610,40 MW) e Rio Grande do Norte (521,14 MW).
Matriz
Atualmente, do total de usinas em operação no Brasil, 83,26% são produzidas a partir de fontes renováveis, como a água dos rios, os ventos e a luz solar