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Gás de cozinha fica até R$ 10 mais caro, mas tende a baixar
Economia

Gás de cozinha fica até R$ 10 mais caro, mas tende a baixar

Nos próximos dias| Revendedoras já começaram a aumentar seus preços em razão do reajuste salarial dos trabalhadores do setor. Mas, é esperada nova mudança com o anúncio da Petrobras de queda de 4,7% nos preços praticados nas refinarias
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Petrobras anuncia queda de 21,3% no preço do gás de cozinha (Foto: Barbara Moira)
Foto: Barbara Moira Petrobras anuncia queda de 21,3% no preço do gás de cozinha

Quem precisou comprar um botijão de gás de cozinha nesta segunda-feira, 12, já se deparou com preços mais caros praticados pelas revendas. Em Fortaleza, a alta chega a ser de até R$ 10. O aumento ocorre por conta do dissídio coletivo dos trabalhadores do setor, que tradicionalmente ocorre no mês de setembro. Porém, é esperado um novo ajuste nos preços - desta vez de baixa - para os próximos dias.

Isso porque a Petrobras anunciou ontem a redução em 4,7% no preço do gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, que é vendido nas refinarias. O valor médio do insumo às distribuidoras vai cair de R$ 4,23 por quilo para R$ 4,03 por quilo, o que leva o botijão de 13 quilos para R$ 52,34.

Entenda o que acontece com os preços agora?

Diante do anúncio feito pela estatal e que entra em vigor a partir de hoje é esperada uma nova acomodação de preços no mercado para os próximos dias, avalia o consultor na área de Petróleo e Gás, Bruno Iughetti.

Ele explica que, na prática, a tendência é que os distribuidores que já haviam aplicado o aumento por conta do dissídio revisem seu preço para baixo considerando que vão passar a adquirir o produto mais barato. Já o revendedor que ainda não tinha reajustado seu preço, por não ter feito a troca de estoque, a tendência é que faça um aumento menor ao consumidor final ou até mesmo uma queda mais modesta.

De todo modo, é certo que a economia que viria da redução feita pela Petrobras, não será sentida na íntegra por quem está na ponta, explica o especialista. “Para o consumidor o efeito será meio relativo porque houve o dissídio coletivo de salários da revenda e que certamente irá passar a frente na formação de preços ao consumidor. Mas acredito que mesmo assim, pode até haver uma queda nos preços, que não será na mesma intensidade feita pela Petrobras, mas pode chegar até uns 2% nos próximos dois ou três dias”.

O que diz o Sindigás

Em nota, o Sindigás informou que os preços do GLP são livres em todos os elos da cadeia e suscetíveis às variações do mercado e que “as distribuidoras associadas não reportam ao Sindigás qualquer aumento ou baixa de preço e não há como fazer uma previsão ao consumidor”.

Mas reforça que o reajuste anual dos salários do setor, cuja data-base é 1º de setembro, tem impacto importante nos custos das Distribuidoras e dos Revendedores de GLP. “É importante mencionar que os resultados das negociações afetam os custos, retroativamente a 1º de setembro, independentemente da data em que forem concluídas”.

Levantamento feito pelo O POVO junto às distribuidoras ontem pela manhã, antes do anúncio da Petrobras, constatou que as revendedoras já estão revisando seus preços para cima em Fortaleza. Em um ponto de venda, no bairro do Papicu, por exemplo, o aumento que começou a vigorar ontem chega a ser de R$ 10, quando o pagamento é no cartão de crédito.

No Dionísio Torres, uma revendedora informou que o reajuste foi aplicado desde o último dia 4. No local, o botijão que estava R$ 115 passou para R$ 120. Já na Barra do Ceará, foi informado que o reajuste já teria sido repassado para ele na última semana, mas que o aumento, também de R$ 5, só começou a ser repassado aos clientes ontem.

Famílias mais pobres sentirão mais o peso do aumento do gás

Para o economista e professor, Igor Lucena, o aumento no preço do gás de cozinha é prejudicial para vários setores da economia, tendo nas classes mais pobres, os mais impactados, por terem “um maior percentual da sua renda utilizado para elementos de alimentação”.

“Porém, quando nos referimos a um grupo maior da economia, temos o encarecimento de produtos que precisam de cozimento. Então, estamos falando de restaurantes, self-services e até mesmo os chamados deliverys, que terão que realocar os seus custos dentro das suas margens”, comenta.

Lucena destaca que aumentos de custo também podem atingir o mercado de empregos. “Se tivermos um aumento muito significativo no valor do gás, donos de restaurantes poderão ter que diminuir o quadro de funcionários para equalizar os custos. É uma visão muito clara de que quando você tem aumentos em gastos sensíveis dentro da economia, o que ocorre é um aumento do desemprego. Não é à toa que a gente está assistindo a deflação e também ao mesmo tempo diminuição do desemprego.”

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