A Aço Cearense executa um estudo de viabilidade para a produção de aço verde juntamente com a Vale. O objetivo é ter a trilha para chegar ao produto com zero emissão de carbono em 12 meses, segundo revelou Aline Ferreira, vice-presidente financeira e comercial do grupo.
O início das pesquisas ocorreu há seis meses e tem como objeto a operação conjunta das empresas em Marabá, no Pará. Naquele município, a empresa cearense opera pela Sinobras na fabricação de aços longos.
Perguntada sobre o interesse em hidrogênio verde para chegar à produção zero carbono, Aline afirmou que o grupo está atento aos movimentos que envolvem este combustível e outras trilhas renováveis, mas que o estudo executado atualmente investiga as possibilidades de uso de biomassa.
"O desejo, a gente tem, a Vale tem e o governo do Pará tem. Agora, precisamos encontrar a melhor solução. Porque isso não existe. Estamos olhando algo que não é feito em canto nenhum no mundo", ressaltou em entrevista ao O POVO.
Pelos cálculos dela, a conclusão da primeira parte do estudo deve acontecer em seis meses e será encaminhado para a Vale, e "leva mais seis meses para ir no detalhe do detalhe e dizer, sim, vamos produzir."
Recém-saída da recuperação judicial, a Aço Cearense também planeja investir na ampliação da produção da Sinobras, o que a vice-presidente relaciona diretamente ao estudo para produção de aço verde.
Responsável por uma produção de 350 mil toneladas de aços longos, a unidade de Marabá deve saltar para 800 mil toneladas de aço até o fim do próximo ano.
Sobre a situação financeira, Aline conta que o plano de recuperação judicial foi feito com muita agilidade, assim como a aprovação dele pelos credores e clientes. Isso fez com que a Aço Cearense chegasse a 2020, na pandemia, já com uma estratégia definida e não sofreu tanto como as demais com os percalços do período.
"A própria lei diz que depois do biênio legal, se tiver fazendo tudo direitinho com acompanhamento do juiz, do administrador judicial, pode encerrar a recuperação e continua o plano que já foi negociado com todos. Esta é a fase que a gente está. A fase que a gente não precisa mais assinar o nome da empresa com esse sobrenome 'recuperação judicial'", afirma.
No fim desse período, a dívida de R$ 1,8 bilhão foi reduzida e, "a valor presente, a empresa precisa pagar algo em torno de R$ 350 milhões, mas que precisa respeitar os pagamentos do plano, porque sofre correção a partir do modelo de pagamento de cada credor."
Perguntada se o posicionamento político em declarar apoio ao ex-presidente Lula feito pelo CEO da Aço Cearense - e pai de Aline - , Vilmar Ferreira, atrapalha os negócios, ela disse que não e defendeu a pluralidade de visões na sociedade: "Acredito que a gente tem que ser livre para sentir, pensar e fazer o que precisa ser feito. Outros empresários também se posicionaram, inclusive, a favor do atual presidente. É normal. Cada um tem um olhar com base na sua história e na sua dor."
Sucessão
Sobre assumir a direção da empresa, Aline Ferreira conta que está disposta a assumir empresa se for do entendimento dos demais diretores. Mas diz aceitar a indicação de outro nome se for o melhor para os negócios
A empresa em números*
Faturamento:
R$ 6,3 bilhões
Capacidade de produção:
1 milhão de toneladas/ano
Empregos diretos:
Cerca de 4 mil
Empregos
indiretos:
Cerca de 20 mil
Clientes: 16 mil
Base florestal:
17 fazendas próprias
Área de floresta:
40 mil hectares
Dívida pós-recuperação:
R$ 350 milhões
*Dados de 2021