Embora a balança comercial venha apresentando resultados negativos, com volume de importação bem superior ao de exportação, essa discrepância entre o que o Ceará compra e o que vende praticamente triplicou em relação ao ano passado, com um déficit indo de US$ 705,1 milhões para US$ 2,2 bilhões.
Esse movimento foi puxado não apenas pela queda nas exportações, mas também pelo aumento de 46,5% no volume importado, com peso muito forte da compra de combustíveis. O risco de desabastecimento do diesel, principalmente, levou o Estado a aumentar suas importações do produto em 40,1%.
Outros três combustíveis aparecem entre os cinco primeiros itens mais comprados do Exterior pelo Estado: o carvão betuminoso (com crescimento nas importações de 82,1%); o gás natural liquefeito (que teve compras quase quintuplicadas); além da gasolina (que teve aumento de 81,7% nas importações). Apenas o trigo (e seus derivados), destoa dessa lista de itens mais importados, abastecendo a indústria alimentícia.
Para o economista Alex Araújo, "a importação reflete essa crise que o setor de combustíveis tem passado. Houve ao longo do ano uma liberação para a compra direta de alguns combustíveis, principalmente do diesel, o que proporcionou às distribuidoras a possibilidade, hoje, de comprar direto do Exterior". Ele acrescenta que "há uma dificuldade de refino do diesel. Na verdade, você tem um déficit desse recurso no mundo, mas no Brasil, em particular, essa questão é mais crítica. E havia um grande risco do Estado ficar sem diesel".
Araújo projeta que "essa é uma estatística que não deve se alterar até que a gente tenha uma estabilidade grande no mercado internacional. Isso só deve acontecer quando tiver passado o inverno do hemisfério norte. Então, provavelmente até fevereiro ou março, a gente deve ter uma possibilidade de importações do diesel e outros combustíveis nesse patamar elevado".
Entre janeiro e outubro deste ano, as empresas cearenses importaram 2.307 variedades de produtos, cerca de 0,4% a mais que o verificado em período equivalente de 2021, segundo dados do CIN da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec).