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Governo eleito propõe R$ 198 bi fora do teto e sem prazo para voltar ao limite de gastos
Economia

Governo eleito propõe R$ 198 bi fora do teto e sem prazo para voltar ao limite de gastos

| PEC DA TRANSIÇÃO | Interesse é garantir recursos ao Bolsa Família de R$ 600. Sugestões foram entregues e Congresso deve redigir a Proposta final
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DESDE 16 de novembro a PEC é negociada (Foto: FÁTIMA MEIRA/AE)
Foto: FÁTIMA MEIRA/AE DESDE 16 de novembro a PEC é negociada

O governo eleito não quer prazo para cumprir o teto de gastos com Auxílio Brasil, que volta a se chamar Bolsa Família no próximo ano. As propostas apresentadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin projetam R$ 175 bilhões fora do limite para garantir o programa de transferência de renda no Orçamento 2023 e mais R$ 23 bilhões para investimentos e educação superior no mesmo período.

Chamado de minuta ou anteprojeto, o texto não é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que todos esperavam e foi entregue por Alckmin na noite de ontem, 16, aos representantes do Congresso, os quais devem redigir o texto final.

Na prática, são três sugestões de furo do teto que geram o rombo de R$ 197 bilhões no próximo ano. A principal delas é o Bolsa Família de R$ 600 com adicional de R$ 150 por família com crianças de até 6 anos.

"É o cuidado com o social, combater a fome e erradicar a pobreza. Os estudos mostram que as famílias com crianças pequenas são as mais empobrecidas e a privação à alimentação é maior", justificou o vice-presidente eleito.

Recursos extras para "turbinar" investimentos

A segunda proposta estabelece que a receita extra do Governo Federal, "que pode ser zero", tenha 40% do total destinado para investimento público com "uma trava de 6,5% da receita corrente líquida de 2021", o que põe como limite R$ 23 bilhões. Os outros 60% continuam destinados ao abatimento da dívida pública.

"O objetivo é chegar a 1% do PIB para investimento. Isso é importante para induzir o crescimento", complementou em coletiva após a entrega das sugestões.

Por último, a minuta levada por ele ao Congresso exclui as doações do teto de gastos, e isso inclui recursos direcionados por fundos socioambientais e receitas próprias de universidades e institutos federais, a partir de parcerias e serviços prestados.

"A recepção foi boa, não quer dizer que vai ser aprovado, mas é um início importante. Há uma unanimidade em relação ao Bolsa Família e às crianças. Já as demais questões são doações, não há impacto fiscal. E o investimento é receita extra, poderá nem ocorrer", afirmou ao ser perguntado sobre as tratativas com deputados e senadores.

Motivo de atenção para o mercado financeiro e alvo de críticas por uma ala de economistas liberais, o teto de gastos deve passar por uma adequação nesse momento, segundo avalia o economista Ricardo Eleutério. Ele lembra que o governo Bolsonaro não cumpre o limite do teto desde 2020 e classifica a legislação como uma "letra morta".

No passado, no mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), tivemos a lei de responsabilidade fiscal e depois ela foi abandonada. Ao longo dos governos Temer e Bolsonaro, o teto de gastos voltou a funcionar e depois também foi abandonado.

"Então, vamos ter que encontrar um novo parâmetro, novo modelo para evitar a explosão das contas públicas”, analisa, acrescentando que a equipe de transição de Lula dispõe de diversos estudos atuais de novas formas que estão propondo outras métricas para o equilíbrio das contas públicas.

Castro diz que PEC será entregue até o fim de novembro

Mas não caberá à equipe de transição de Lula definir o Orçamento 2023. Acompanhado do também senador Davi Alcolumbre (UP-AP), o relator do Orçamento Marcelo Castro (MDB-PI) deixou claro que a PEC da Transição será redigida pelo Congresso após negociações e que o texto entregue por Alckmin eram apenas sugestões.

Perguntado sobre prazos, ele afirmou que o Senado fará um esforço para enviar o documento à Câmara até o fim de novembro, entendendo que haverá novo trâmite pelos deputados antes da aprovação e sanção.

 

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O que diz a proposta

Auxílio Brasil, que volta a se chamar Bolsa Família, de R$ 600 e o adicional de R$ 150 para famílias com crianças de até 6 anos.

Receitas próprias das universidades e institutos federais, seja por parcerias ou serviços prestados.

Doações ao meio ambiente e às universidades e instituto federais.

Receitas extras: 40% vai para investimentos públicos e 60% para pagamento da dívida pública. Mas os 40% estão limitados a 6,5% da receita corrente líquida de 2021, o que dá R$ 23 bilhões.

 

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