O Ceará fechou o terceiro trimestre com taxa de desocupação em 8,6%. Recuo de 1,8 ponto percentual (p.p.) ante o segundo trimestre deste ano (10,4%) e queda de 3,9 p.p. frente ao mesmo trimestre de 2021 (12,4%).
É a menor taxa desde o primeiro trimestre de 2015, quando o indicador chegou a 8,1%. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com a pesquisa, o Ceará foi um dos seis estados onde houve queda no indicador em relação ao 2º trimestre. Além dele, houve redução no Paraná (-0,8 p.p), Minas Gerais (-0,9 p.p.), Maranhão (-1,1 p.p), Acre (-1,8 p.p.) e Rondônia (-1,9 p.p). As demais 21 unidades da Federação ficaram estáveis.
No Brasil, a taxa de desocupação no terceiro trimestre ficou em 8,7%, recuo de 0,6% ante o segundo trimestre.
O diretor geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), João Mário França, atribui a queda da taxa de desocupação ao próprio processo de recuperação econômica.
Ele lembra que, em 2020, houve uma queda abrupta da atividade econômica em razão da pandemia. A partir de 2021, os setores começaram a se recuperar, mas ainda tinham algum nível de restrição da atividade e, neste ano, passam a operar de forma mais plena.
"No Ceará, a gente vê uma recuperação mais forte, sobretudo, do setor de serviços e do turismo que tem ajudado a impulsionar o mercado de trabalho", afirma.
Apesar da melhora de cenário, no 3º trimestre, o Ceará ainda tinha 343 mil pessoas com 14 anos ou mais que estavam desocupadas na semana de referência da pesquisa. Destas, 87 mil estão há dois anos ou mais em busca de emprego.
O número de desalentados - pessoas que estão em idade produtiva, gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar emprego - foi de 346 mil. O percentual desta parcela frente à população na força de trabalho foi de 7,9% no Estado. "São números que não deixam de ser preocupantes", afirma França.
Ele aponta ainda como um desafio para o mercado de trabalho o alto índice de informalidade que chega a 52,2% no Estado. "A informalidade elevada está muito relacionada a aspectos estruturais do mercado de trabalho cearense."
De acordo com a pesquisa, o percentual de empregados com carteira assinada no setor privado foi de 57,3% no Ceará. São 959 mil pessoas. Alta de 3% ante o segundo trimestre e de 4% em relação ao terceiro trimestre de 2021.
O presidente do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Vladyson Viana, está confiante na continuidade da trajetória de empregos nesta reta final de ano.
Para ele, o equilíbrio fiscal do Estado - o que tem possibilitado a manutenção da capacidade de investimento público com obras e novos empreendimentos - e a melhora do ambiente de negócios têm contribuído para uma melhor recuperação.
"A nossa expectativa, baseado na série histórica, é que o Estado do Ceará vai ter um aquecimento da economia, superar os resultados de 2021, onde tivemos o maior saldo de empregos nos últimos 25 anos. Então, 2022 tem tudo para superar essa marca", afirmou.
(colaborou Júlia Freitas Neves, especial para OPOVO)
Brasil
Segundo o IBGE, no terceiro trimestre apenas 25,3% dos trabalhadores domésticos do país
tinham carteira assinada