Em dia dos últimos anúncios dos ministros do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as preocupações com a política de preço dos combustíveis e a indefinição sobre quem comandará a Petrobras a partir de 2023 mexeram nos ânimos do mercado, o que fez o Ibovespa cair 0,46%, aos 109.734 pontos, no encerramento do último pregão do ano, ontem.
Por outro lado, a cautela com contratos futuros e a divulgação de balanços corporativos nos Estados Unidos elevaram em 0,47% dólar, fechando em R$ 5,28.
Para Pedro Galdi, analista de investimentos da Mirae Asset, há medo de ingerência nos preços dos combustíveis no futuro. Ele ressalta, contudo, que o índice caiu menos que os pares em Nova York no mês e terminou o ano com saldo positivo, apesar de ambiente externo de pouco apetite ao risco.
Sobre o encerramento da equipe de Lula, um dos destaques foram a indicação da emedebista Simone Tebet.
Com ela, o primeiro escalão do futuro governo terá um trio de possíveis sucessores. No dia 9 de dezembro, ele já havia anunciado Fernando Haddad (PT) para o Ministério da Fazenda e Geraldo Alckmin (PSB) para o Ministério da Indústria e do Comércio. Ambos disputaram o pleito de 2018 e são nomes fortes ao lado de Tebet para 2026.
No dia de ontem, o presidente eleito anunciou 16 novos nomes que completam uma equipe de 37 ministros, integrado por 26 homens e 11 mulheres, quatro delas na área econômica: Esther Dweck, na Gestão; Luciana Santos (PCdoB), na Ciência e Tecnologia; Daniela do Waguinho (UB), no Turismo; além da própria Simone Tebet. "Estou feliz porque nunca antes na história do Brasil teve tantas mulheres ministras ", disse Lula em um ato em Brasília.
Além disso, os bancos públicos - Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil - serão chefiados por mulheres, conforme adiantou Lula. Ele não disse, porém, quando os nomes serão confirmados. “O BB tem 200 anos e nunca se pensou em ter uma mulher na presidência. Vamos provar que uma mulher pode ser melhor que todos os homens que presidiram o banco", afirmou. Para a Caixa, são citados os nomes de Tatiana Thomé e Rita Serrano.
Segundo a presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Silvana Parente, a indicação de que o comando dos dois grandes bancos federais ficará com mulheres confirma que elas estão preparadas para assumir a área econômica também.
"A participação das mulheres na política é um indicador de avanço da democracia e a comprovação de que existem mulheres competentes capazes de assumir cargos importantes na República, em um país com baixa participação feminina na política.”
Em suas primeiras declarações já como ministra escolhida para comandar o Planejamento, Tebet afirmou que vai trabalhar em harmonia com Haddad, inclusive na formulação do novo arcabouço fiscal, a substituir o teto de gastos.
“Vamos servir, como ministério meio, todas as Pastas. Vamos produzir diagnóstico, fados, material, elementos, programas, projetos e colocando o programa do presidente Lula no orçamento do planejamento”, disse.
Ela também negou que possa haver atritos por conta das divergências de visão sobre economia. Ontem, ao ser anunciada ministra, Tebet convidou, inclusive, Haddad para ser fotografado junto a ela e a Lula, a fim de tentar dissipar tais rumores.
“Nós já começamos com três identidades: somos professores universitários, ele tem parentes no meu Estado (Mato Grosso do Sul) que são amigos em comum. E ele me deu a terceira: somos de origem libanesa. Então, não tem como dar errado", brincou. (Com Agência Estado)
MINISTÉRIOS DA ÁREA ECONÔMICA
Fazenda
Fernando Haddad (PT)
Gestão
Esther Dweck
Portos e Aeroportos
Márcio França (PSB)
Ciência e
Tecnologia
Luciana Santos (PCdoB)
Desenvolvimento Social
Wellington Dias (PT)
Trabalho
Luiz Marinho (PT)
Indústria e
Comércio
Geraldo Alckmin (PSB)
Planejamento
Simone Tebet (MDB)
Integração e Desenvolvimento Regional
Waldez Góes (PDT)
Agricultura
Carlos Fávaro (PSD)
Previdência
Social
Carlos Lupi, presidente do PDT
Pesca
André de Paula (PSD)
Cidades
Jader Filho (MDB)
Turismo
Daniela do Waguinho (União Brasil)
Minas e Energia
Alexandre Silveira (PSD)
Transportes
Renan Filho (MDB)
Desenvolvimento Agrário
Paulo Teixeira (PT)