Ao mesmo tempo que informou de uma "imparidade" de R$ 1,2 bilhão na contabilidade da usina térmica que possui no Complexo do Pecém após o cancelamento de leilões de energia pelo Governo Federal no ano passado, a EDP Brasil informou que planeja a produção em larga escala de hidrogênio verde (H2V) na unidade instalada ao lado da termelétrica.
"A EDP tem um projeto de hidrogênio de larga escala. Não é o P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), que prometemos e entregamos. Mas pretendemos participar de leilões internacionais. Alguns em curto prazo com o projeto de Pecém ao lado da atual usina (térmica)", afirmou João Marques da Cruz, CEO da EDP Brasil, em teleconferência realizada na noite de ontem.
O POVO noticiou em primeira mão o interesse da empresa em participar de leilões internacionais de H2V e derivados, como o da Alemanha, a partir da usina no Ceará. A declaração foi dada pelo CEO no dia 19 de janeiro, quando inaugurou oficialmente a Pecém H2V.
Classificada pela imprensa portuguesa como "perdas", a "imparidade" apontada pela EDP não deve atrapalhar as finanças da empresa, segundo asseguraram os executivos. Pagamentos de dividendos, geração de caixa e obrigações financeiras serão preservadas, de acordo com o CEO.
Os empregos também não devem ser afetados: "Zero (chances de demissão). A consequência é contábil. Necessitamos de todas as nossas pessoas e não há qualquer intenção de demitir."
Marques da Cruz liderou a teleconferência com executivos da empresa para dar detalhes sobre a imparidade. Ele afirmou ainda que a EDP Brasil já recebeu propostas de compra para a usina térmica do Pecém, mas recusou todas.
“A proposta que recebemos é de uma entidade nacional, em 2022, recusamos porque o valor não era o correto. Na linha como fizemos com outras usinas hídricas. Agora, se o valor for um valor que entendemos ser ajustado para Pecém, obviamente, que poderemos vender”, afirmou.
A unidade tem o carvão como insumo principal e conta com contratos que garantem a operação até julho de 2027. Depois, é preciso que haja novos leilões com o carvão entre os insumos para que continue a gerar eletricidade.
No entanto, o futuro ainda é incerto, uma vez que o governo brasileiro não quer mais incentivar este tipo de insumo poluente e a própria EDP estabeleceu prazos para zerar as emissões de carbono pelas usinas da companhia.