O investimento necessário para dotar o porto do Pecém de infraestrutura capaz de operar a exportação de 1 milhão de toneladas de hidrogênio verde (H2V) anualmente até 2030 deve somar R$ 2,2 bilhões. A projeção a ser executada em cinco anos foi revelada com exclusividade ao O POVO por Hugo Figueiredo, presidente do Complexo do Pecém, e inclui aplicações do Estado e das empresas.
Responsável por administrar a área portuária e industrial, ele explicou que R$ 1 bilhão desse total deve ser aplicado pelo Complexo, enquanto os outros R$ 1,2 bilhão serão desembolsados pelas empresas do setor instaladas no Pecém.
"A gente tem um programa de investimento agressivo nos próximos 5 anos. Atualmente, a gente planeja esse investimento à medida que os contratos vão se materializando", afirmou em visita à sede do O POVO, já se referindo às oportunidades de negócios criadas na Europa.
Ciente da participação de empresas instaladas no Pecém, como a EDP Brasil, no leilão de fornecimento de hidrogênio verde e derivados da Alemanha, Figueiredo disse que o Complexo deve acelerar o cronograma a partir da demanda de geração.
Na prática, segundo ele, o Complexo do Pecém deve criar "um corredor de utilidades", pelo qual "vão circular os dutos de amônia, gás natural, eventualmente de hidrogênio, e a parte de energia elétrica."
Já as empresas devem construir os gasodutos, a tancagem desses combustíveis e o terminal para receber a produção e embarcar no Porto do Pecém. O total deve somar os R$ 1,2 bilhão. No Porto, dentre as obras que cabem ao Complexo, o píer 2 deve sofrer adaptações após o fim do contrato do Pecém com a Petrobras para a operação de amônia e hidrogênio verdes.
"Além disso, o próprio suprimento de energia precisa de investimento. Uma nova subestação vai ser feita para garantir que a gente tenha energia suficiente para os eletrolisadores (usinas nas quais é gerado o H2V)", completou.
Para dar mais celeridade aos trabalhos desempenhados, Figueiredo contou que uma consultoria do Banco Mundial está sendo contratada com o objetivo de "estabelecer parâmetros de competitividade para o Porto em relação a outras áreas produtoras no mundo".
O trabalho deve durar até o fim deste ano, mas as considerações prévias dos consultores animaram o gestor: "Aqui no Brasil, na América Latina, com Chile, Colômbia, Uruguai... Nenhum deles, e quem diz é o pessoal do Banco Mundial, tem a condição do Ceará para produção e exportação de Hidrogênio verde."
A partir da parceria com o Banco Mundial via consultoria aliado aos esforços do governo cearense de atração e manutenção dos investidores no Estado, ele projeta o próximo ano como o de consagração do hub de hidrogênio verde no Ceará.
"A expectativa é de que, em 2024, sejam tomadas as decisões que chamamos de decisão final de investimento. É quando toda a parte de engenharia já está elaborada, o licenciamento está obtido e a infraestrutura compartilhada está resolvida. Aí tem condições de tomar a decisão final de investimento."
Se confirmadas, os três principais projetos devem somar, dentro de 5 anos, um total de US$ 8 bilhões em investimento.