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Ceará tem a pior média salarial para mulheres do País
Economia

Ceará tem a pior média salarial para mulheres do País

|Desigualdade de Gênero | Dados do IBGE mostraram ainda que o rendimento médio das mulheres é 12,6% a menos que o dos homens
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VALOR médio pago às mulheres no Ceará é de R$ 1.580 (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS VALOR médio pago às mulheres no Ceará é de R$ 1.580

Com remuneração de R$ 1.580 mensais, o Ceará tem a pior média salarial paga para mulheres do Brasil. O valor está também 12,6% abaixo daquela recebida pelos homens no Estado (R$ 1.809). Os dados da mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao 4º trimestre de 2022, mostram também que a média salarial das mulheres no Brasil gira em torno de R$ 2.341.

São R$ 671 a menos que o rendimento médio real dos homens ocupados (R$ 2.909). Diferença de 22%. O Acre é a unidade federativa onde há maior equiparação salarial de gênero. Enquanto as mulheres recebem, em média, R$ 2.185, os homens têm renda média de R$ 2.284.

Por outro lado, no País, a maior diferença está no Mato Grosso, onde as mulheres recebem, em média, 31,5% a menos que os homens, com rendimentos estimados, respectivamente, em R$ 2.412 e R$ 3.526.

No Ceará, são elas também as que mais sofrem com o desemprego e a subutilização no mercado de trabalho, segundo os dados pesquisados pelo IBGE. Enquanto a taxa entre as mulheres cearenses é de 8,1%. Entre os homens, é de 7,6% no Estado. E há um contingente ainda maior, de 3,9 milhões de mulheres, que sequer integram a força de trabalho.

A economista e diretora de economia popular e solidária da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Silvana Parente, afirma que historicamente, há um aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho, assim como um aumento da escolaridade da mulher, que segundo ela, já superou o nível de escolaridade dos homens.

Porém, esses números não encontram correspondência nem em relação à renda e nem quanto à função desempenhada por elas no mercado de trabalho. No Brasil, mais de 60% dos cargos de chefia ou de gerência são ocupados por homens.

"Apesar de ter tido muito avanço da mulher nesses cargos de lideranças, isso ainda não é o suficiente. Essa participação é desproporcional inclusive, nos cargos públicos, nas três esferas, executivo, legislativo e judiciário."

Outro dado preocupante que sobressai nos dados da PNAD é a questão da divisão de tarefas dentro do ambiente familiar. As mulheres cearenses dedicam, em média, 22,1 horas por semana aos afazeres domésticos e às tarefas de cuidados de outras pessoas. É mais do que o dobro da média declarada pelos homens, que foi de 10,2 horas por semana.

As distorções de gênero não mudam nem quando é feito o recorte apenas entre a população ocupada. As mulheres que trabalham fora, ainda passam, em média, 19 horas por semana dedicadas a esse tipo de serviço, enquanto que entre os homens são 10 horas, segundo o IBGE.

"A mulher, além de trabalhar às oito horas do dia fora de casa, quando ela chega, tem que cuidar da casa e do filho. Por isso, é preciso garantir uma autonomia econômica para as mulheres e romper com essas diferenças de remuneração de gênero é um bom começo, eu diria", avalia Desirée Mota, economista, professora universitária e colunista do O POVO.

Outro fator levantado pela economista é o fato de mulheres que querem ter filhos, acabam sendo menos escolhidas pelo mercado de trabalho. "Essa é uma das perguntas que ainda é feita quando a mulher vai buscar uma colocação, se ela ainda vai ter filhos. Isso também é levado em consideração porque sabe que quando a mulher for ter esse filho ela vai ter direito a uma licença remunerada durante alguns meses." (Colaborou Paloma Vargas)

 

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