A Marquise Ambiental e a MDC Energia fecharam o primeiro contrato de venda de Gas-Rec de biometano a fábricas da cervejaria Heineken no Brasil, incluindo a unidade de Pacatuba, que poderá usar certificado de rastreabilidade para reportar emissões de gás natural fóssil como se fosse molécula renovável do biometano.
O conceito, desenvolvido no Brasil, é similar ao do mercado de créditos de carbono, com a diferença que envolve uso direto de energia renovável, em vez de apenas comercializar a compensação das emissões de gases de efeito estufa, notadamente o CO2 (dióxido de carbono).
Pelo contrato firmado, foram comercializados 520 mil Gas-Recs emitidos pela usina de tratamento de biogás GNR Fortaleza (empresa Marquise Ambiental com a MDC), pouco mais da metade do total emitido por ano, que é de 1 milhão. Os certificados, desenvolvidos em parceria com o Instituto Totum, tem validade de 12 meses e podem ser renovados, a custo de médio que varia de R$ 0,02 a R$ 0,05 por metro cúbico (m³).
Do lado da Heineken, a ideia é zerar as emissões de CO2 nos processos produtivos do grupo, que possui 14 cervejarias em todo o mundo até 2040 e, já em 2023, abastecer todas suas unidades com energias renováveis. A estimativa é que a injeção de biometano da Marquise Ambiental e da MDC Energia nas cervejarias de Pacatuba (CE) e de Jacareí (SP) reduza 25 mil toneladas de CO2 produzidos pela Heineken no País.
Conforme explica o diretor-presidente da companhia, Hugo Nery, “a ideia é que o comprador desses certificados possa estar mostrando ao mercado que utiliza, dentro da sua matriz energética, materiais biorrenováveis. Como ele está conectado na rede geral, onde o gás renovável está presente, parte do que ele consome é oriundo de uma fonte de energia renovável. Como a unidade da Heineken de Pacatuba tem um consumo até maior do que o que a gente tem dentro da negociação, basicamente, ela absorve tudo”.
Ele lembra que a operação, pioneira no Brasil, só foi possível por conta da produção de biometano em Caucaia que ocorre oficialmente, desde abril de 2018, e em caráter experimental , desde dezembro do ano anterior, via GNR Fortaleza. “Tudo isso é oriundo de uma parceria da Marquise com a MDC no tratamento dos gases do Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia (que atende também a Capital)”, destaca.
“No passado, os gases de um aterro sanitário eram expelidos para a atmosfera e, com isso, eles eram um elemento poluidor de fato, que contribuíam com o processo do aquecimento global. Nós mudamos essa tecnologia e com a parceria entre a Marquise e MDC, agora, a gente capta esse gás, tira toda a umidade dele e o CO2, e entrega o biometano à rede da Cegás”, explica Nery.
“Hoje, a gente produz em torno de 105 mil m³ de biometano e produz a mesma quantidade em outros tipos de biogás, que inclui CO2 e pequenos componentes que são purificados. A partir dessa parceria tripla, a gente consegue fazer com que esse projeto fosse aprovado pela ANP, como o primeiro do tipo no País”, conclui o diretor-presidente da Marquise Ambiental.