Prestes a completar três anos de atuação no Ceará, a Trebeschi prepara a ampliação de 150 mil metros cúbicos (m³) de cultivo protegido para 300 mil m³ na fazenda que possui em Ubajara.
A expansão vai implicar na duplicação da produção até o fim do ano, de 200 toneladas ao mês para 400 toneladas de tomates, pimentões, pimentas e jerimuns premium.
Os itens possuem valor agregado médio de 25% a mais do que os hortifrútis e legumes convencionais, segundo calcula Edson Trebeschi, CEO da empresa, sem revelar os investimentos.
Ele recebeu O POVO na tarde de ontem e revelou ainda que tem uma área reservada de cerca de 2 hectares para o cultivo dos mesmos produtos, mas orgânicos, cujo valor agregado sobe para até 40%.
A atuação dele no Ceará se deu forma acelerada. A chegada da empresa no Estado foi em plena pandemia, em junho de 2020, quando compraram a fazenda de um produtor de rosas.
Em outubro, as primeiras mudas trazidas das unidades que a empresa possui em Minas Gerais (sede), Goiás, São Paulo e Santa Catarina foram plantadas. Em dezembro do mesmo ano, a Trebeschi colhia a primeira safra.
Foi um salto também na mão de obras empregada na unidade, que saiu de 120 pessoas para 217. Com a ampliação, ele espera contratar mais 83 pessoas e fechar em 300 funcionários.
Com a ampliação, Edson projeta também chegar à Europa com a produção do Ceará. Hoje, a fazenda de Ubajara atende a demanda do Norte e Nordeste do País e ainda consegue chegar ao Sudeste em algumas épocas do ano, o que deve ser mais constante com a ampliação.
"A proximidade com o Porto do Pecém é algo que nos atrai bastante. Alguns produtos, quando se depara com inverno rigoroso na Europa, a gente é competitivo em algumas janelas", analisou, acrescentando que atende ao Mercosul com a produção do Sul e Sudeste.
Os destinos europeus devem ser atendidos em dez dias em contêineres refrigerados embarcados em navios. O prazo torna os hortifruti competitivos, uma vez que a vida útil deles é de 30 dias.
A técnica utilizada pela empresa tem como principal diferencial o baixo consumo de água. A fazenda conta com estufas com pé direito alto para melhorar temperatura, cobertura de plástico para não ter água em contato com a planta e, na lateral, são telas de espessura fina para que não tenha a presença de insetos.
O consumo de água, ainda de acordo com os cálculos do CEO, é 40% menor enquanto a produção de um pé de tomate é de 8 quilos, enquanto os cultivados da maneira convencional - em campo aberto - é de 5 quilos.
"Tratamos a água com muito cuidado, sabemos que é um recurso que precisa dar muito valor e fazer com que seja muito bem utilizado", afirma.
O método é defendido pelo empresário Carlos Matos. Para debater técnicas agrícolas que estimulem o baixo consumo de água no Ceará, ele organizou o Seminário Água Innovation, onde Edson Trebeschi vai participar entre hoje e amanhã.
*O jornalista viajou a convite do Seminário Água Innovation
Serviço
Seminário Água Innovation
Data: 22 e 23 de março
Local: Federação das Indústrias do Estado do Ceará
Informações: (85) 99966.0347
Biológicos
A empresa tem uma fábrica interna para produção de biológicos em Ubajara para melhorar microbiologia do solo. "Isso está focado numa questão de sustentabilidade para ter uma perpetuação do solo para o cultivo".