O grau de inadimplência de pessoas físicas com cheque especial foi quase quatro vezes maior do que no crédito pessoal. De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Ceará (Dieese/CE) com dados do Banco Central (BC), o cheque especial teve juros de 134% ao mês em abril.
Dentre os tipos de créditos analisados (cheque especial, crédito pessoal, crédito para aquisição de veículos e crédito para aquisição de outros bens), o primeiro é, de longe, o mais custoso. E continua ficando mais caro.
Os dados revelam que na variação mensal, há avanço de 3,9 pontos percentuais (p.p.). Somente em 2023, após quatro meses, há avanço de 2,9 p.p.
De acordo com José Eduardo Marinho, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará (SEEB/CE), o aumento das taxas dos produtos financeiros tem gerado aumento da inadimplência. Ele aponta ainda que isso está diretamente ligado ao patamar da taxa básica de juros (Selic). "Uma das maiores taxas do mundo".
José Eduardo ainda destaca que as linhas de crédito mais caras, como cheque especial e do cartão de crédito, são as que apresentam maior percentual de inadimplência.
Além do aumento da inadimplência, ele observa que outros indicadores são impactados com o alto custo do crédito. Como os juros estão elevados, a atividade tende a ser enxugada. "Com isso, o desemprego aumenta e as pessoas têm mais dificuldade de pagar suas contas".
"Com a inflação em queda, o juro real (juro fora da economia produtiva) fica cada vez mais caro, fazendo com que as empresas, bancos e sistema financeiro em geral não se interessem em emprestar, mas sim se rentabilizar via empréstimo ao Governo Federal, para rolagem de dívida, o que faz com que a atividade produtiva sofra", analisa.
O levantamento aponta que os índices de inadimplência dos quatro tipos de operações analisadas estão em patamar de estabilidade desde o ano passado. No cheque especial, por exemplo, a proporção de pessoas que deixam de pagar chega a 12,6%, enquanto no crédito pessoal esse patamar é de 3,8%.
Esse movimento colabora para que o volume de crédito liberado pelas instituições financeiras no Brasil esteja em compasso de espera. Em abril passado, houve estabilidade com variação positiva de 0,3% em crédito no mês para clientes pessoa física. No entanto, as liberações para pessoas jurídicas no mesmo período retraiu 1%.
O PESO DOS JUROS E O IMPACTO NO MERCADO
Indicadores do setor bancário - Abril/2023
Pix
O estudo mostra ainda que a quantidade de transações pelo Pix cresceram 74,9% em doses meses até abril
deste ano