As polêmicas envolvendo o processo de venda da refinaria Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor) da Petrobras para a Grepar Participações podem resultar na não concretização do negócio, conforme indicou ao O POVO, o sócio-diretor da empresa paranaense, Clóvis Greca.
Isso porque está prevista no contrato assinado entre as duas partes, segundo o executivo, o início da transferência de ativos da refinaria no dia 1º de setembro e que até agora não houve uma definição por parte da estatal quanto a esse processo, que deve durar cerca de dois meses.
Um dos motivos alegados pela Petrobras para não avançar nesse sentido, seria o impasse quanto à parte do terreno que pertence à Prefeitura de Fortaleza.
“A Petrobras tem relutância em seguir no processo sem ter resolvido essa parte fundiária por mais que nós tenhamos uma visão jurídica de que ela precisa prosseguir com essa etapa da venda. Então, ela precisaria fazer a transferência dos ativos. Mas a Petrobras está com dificuldade de fazer isso porque não teve nenhuma resposta da prefeitura. Nós estamos aí em um impasse entre prefeitura e Petrobras para saber qual será o próximo passo”, disse Greca.
Ele indicou que caso o processo de transferência dos ativos da Lubnor para a Grepar não comece no próximo dia 1º de setembro, “provavelmente esse negócio não vai ter mais tempo (de se concretizar) porque o contrato que eu tenho com a Petrobras termina no fim de novembro. Eu acredito que todos vão perder bastante com isso (uma eventual não concretização da venda da refinaria) porque eu tenho muito investimento a ser feito e a Petrobras não tem nenhum projeto para essa unidade”.
O sócio-diretor da Grepar lembrou alguns números de investimentos previstos, bem como metas que o grupo traçou para a Lubnor. “Além do preço de compra (US$ 34 milhões), têm mais US$ 41,9 milhões, que é reembolso de todo investimento que a Petrobras fez nos últimos dois anos. Fora isso, tem mais US$ 60 milhões em bens de capital, US$ 20 milhões em melhoria operacional e US$ 10 milhões em ESG (sigla inglesa para ações de responsabilidade ambiental, social e governança)”, detalhou Greca.
“Hoje, (a refinaria de) Fortaleza não consegue abastecer o mercado. É deficiente dos dois produtos principais dessa refinaria: asfalto e lubrificante naftênico. No asfalto, ela não consegue abastecer a demanda da região. Só consegue atender metade dela. A nossa perspectiva é conseguir crescer isso em 30%. Esses óleos naftênicos, que são utilizados em motores elétricos, transformadores, borrachas, o Brasil importa mais que o dobro do que a Lubnor faz. Então, o nosso objetivo é construir outra unidade ou dobrar essa capacidade de produção”, acrescentou.
Voltando a falar sobre a questão da parte da área da Lubnor que pertence à Prefeitura de Fortaleza, Greca disse que a negociação está sendo encabeçada pela Petrobras. “Essa é uma responsabilidade que ela tem perante o contrato. A Petrobras fez uma proposta inicial à prefeitura que jamais fez qualquer contraproposta. Daí, a Petrobras fez uma nova contraproposta, bastante em linha com os desejos da prefeitura, mas o município não respondeu nada até agora”, concluiu, contestando afirmação feita pelo prefeito José Sarto (PDT).
Em entrevista exclusiva ao O POVO, no último dia 1º, o prefeito havia afirmado que a primeira proposta recebida teria sido “risível” e que a prefeitura havia feito uma contraproposta à empresa, “nos termos do valor comercial do metro quadrado da região” e acrescentou que está “aguardando a posição deles”. Já a Petrobras, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não vai comentar o assunto.
Cálculo
Estimativa da empresa é de assumir as operações da Lubnor com cerca de 200 empregados diretamente e de gerar até 600 empregos indiretos