O Ceará teve 44.441 beneficiários cortados do Bolsa Família de janeiro a julho de 2023. Os bloqueios iniciaram em abril para pessoas que, dizendo que moravam sozinhas, passaram a receber o benefício durante o período eleitoral, no segundo semestre do ano passado.
Ainda sob o nome de Auxilio Brasil, o Estado começou o ano com 1,52 milhão de beneficiários ativos no programa, e com os cortes realizados pela pasta, o número de famílias que recebeu o benefício em julho foi de 1,47 milhão.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, o objetivo dos bloqueios pelo Governo Federal é evitar fraudes no programa e destinar os recursos às famílias que realmente precisam dele.
+ Governo vai zerar a inadimplência? Entenda como funciona o Desenrola
Desde o lançamento do novo programa, a pasta realizou um exame com maior cautela nos beneficiários do Bolsa Família (antigo Auxílio Brasil) que foram incluídos às vésperas da eleição de 2022. No Brasil, o número de cortes foi de 934 mil beneficiários.
O imbróglio se dá porque o número de beneficiários unipessoais, ou seja, que moram sozinhos, teve um salto de 168%, de 2,2 milhões para 5,9 milhões, durante o período eleitoral sob o governo Bolsonaro.
Assim, muitas famílias de quatro pessoas estavam recebendo o mesmo valor do que alguém que morava sozinho. Isso possibilitou que pessoas que já eram atendidas fizessem um novo cadastro, como se vivessem sozinhas, para ganhar outro benefício, segundo auditorias feitas pelo Governo.
Em junho, o governo Lula estabeleceu regras mais rígidas para os cadastros unipessoais, sendo que parte delas passou a valer em julho.
+ Do Bolsa Família à Farmácia Popular: 13 benefícios sociais disponíveis em 2023
O MDS informou que, segundo as novas diretrizes, o benefício pode ser cancelado em três casos. Por inconsistências cadastrais, falta de atualização de dados e pelo fim da regra de emancipação do Auxílio Brasil.
Se o usuário tiver o benefício cancelado e ainda estiver apto para permanecer no programa, a pessoa deve procurar o centro de atendimento do Bolsa Família e do CadÚnico (Cadastro Único) onde se cadastrou para regularizar a situação.
Para Paola Carvalho, diretora da Rede Brasileira de Renda Básica, avalia que o período de aceleração das inclusões de beneficiários no período eleitoral de 2022, fez com que houvesse um baixo cruzamento de informações, o que gerou precariedade.
+ Novo Minha Casa, Minha Vida: As novidades que Lula impôs ao programa
A especialista lamenta que houve um processo de desmonte do Cadastro Único e da própria política de Assistência Social. O temor é que em meio aos cortes, pessoas que realmente precisam do benefício sejam prejudicadas.
E, na avaliação da especialista, a busca ativa e uso da tecnologia podem ser aliadas neste cruzamento de dados, permitindo que a atualização seja rápida e as pessoas que se enquadram no programa não sejam prejudicadas.
Um dos desafios neste momento é a legalização de famílias monoparentais cadastradas no CadÚnico, avalia Paola.
"Abriu a possibilidade de atendimento desse tipo de família a partir da pandemia. Mas, durante o fim da gestão Bolsonaro tivemos uma explosão, o que criou uma distorção do que é efetivamente uma família monoparental e os casos de dois membros de uma mesma família que se cadastram separadamente para garantir duplamente o benefício". (Colaborou Samuel Pimentel/ com Agência Estado)
Como conferir
O cidadão pode conferir se está entre as pessoas aptas ao recebimento do benefício social através do app do Auxílio Brasil ou mesmo do Caixa Tem
Regras para concessão do Bolsa Família
Regras para se manter no benefício
Os compromissos exigidos pelo Governo estão atrelados às áreas da saúde e educação.
Veja abaixo quais são essas exigências:
Realização do acompanhamento pré-natal;
Acompanhamento do calendário nacional de vacinação;
Realização do acompanhamento do estado nutricional das crianças menores de 7 anos;
Frequência escolar mínima de 60% para as crianças de 4 a 5 anos, e de 75% para os beneficiários de 6 a 18 anos incompletos que não tenham concluído a educação básica;
Manter atualizado o Cadastro Único pelo menos a cada 24 meses).
Como se cadastrar para receber os R$ 600 do Bolsa Família?
O programa social não possui uma base de cadastro própria, isso significa que não há como se cadastrar ou candidatar diretamente ao Bolsa Família.
Como saber se eu fui aprovado no Bolsa Família?
O pagamento do Bolsa Família ocorre por meio da Caixa Econômica Federal, mas segue a lista gerenciada pelo Ministério da Cidadania. A pasta irá realizar mensalmente revisões no banco de dados de beneficiários
Alterações para cadastro dos beneficiários
Algumas alterações foram realizadas pelo Governo Federal no programa Bolsa Família. Entre as mudanças, está o cancelamento do benefício caso a renda mensal per capita ultrapasse determinado valor.
Anteriormente, a renda do beneficiário poderia ser superior à linha de pobreza em até duas vezes e meia por 12 ou 24 meses, a depender da situação. Com as novas regras, foi estipulado o prazo único de 24 meses e a renda per capita mensal não deve ser maior que meio salário mínimo.
Outras mudanças também foram implantadas
Só será elegível quem tiver uma renda familiar per capita mensal igual ou inferior à linha de pobreza;
O adicional Primeira Infância será encerrado no mês em que o beneficiário completar 7 anos;
A Declaração Especial de Pagamento, emitida pelo Coordenador Municipal do programa, tem caráter transitório com validade de 30 dias, devendo ser apresentado o original para saque da parcela;
As parcelas mensais poderão ser disponibilizadas via conta poupança digital;
Os recursos que não forem sacados no prazo de 120 dias (no caso das populações indígenas, quilombolas e ribeirinhas é 180 dias) serão restituídos ao governo.
Como ter acesso ao benefício
Para ter acesso ao programa, ainda será necessário estar com o Cadastro Único (CadÚnico) atualizado, estando elegível para os benefícios sociais do sistema.
Quem pode se inscrever no CadÚnico para receber o Bolsa Família
Quem tem renda mensal de até meio salário mínimo (R$ 660) por pessoa;
Quem tem renda mensal familiar total, ou seja, somando todas as pessoas da residência, de até três salários mínimo (R$ 3.960);
Se a renda for maior que estes limites, a família deve estar vinculada ou tentando algum programa ou benefício que precise do Cadastro Único;
Se a família se enquadrar nesses critérios, o responsável familiar deve ir até uma unidade do Cras para fazer uma entrevista de credenciamento