As obras tocadas por empresas de construção pesada serão afetadas com o recente reajuste de 10,82% no preço do asfalto comercializado pela Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor). De acordo com o vice-presidente financeiro do Sindicato das Indústrias de Construção Pesada do Ceará (Sinconpe), Eduardo Benevides, a alta deve gerar uma onda de pedidos de reequilíbrio de preços nos contratos firmados para obras públicas.
O anúncio do reajuste ocorre na esteira de aumentos dos derivados de petróleo no País anunciados neste mês pela Petrobras. No caso dos produtos asfálticos, o aumento médio foi de 9,1% nos locais de venda, mas no Ceará a alta foi acima da média.
Esse movimento altista ocorre no mesmo momento em que há a transição da gestão na operação da Lubnor. Os empresários reclamam que o mercado estava com estabilidade nos preços há pelo menos um ano, ainda que a Petrobras anunciasse reajustes dilatados para o diesel e outros combustíveis. Por isso, o recente anúncio surpreendeu.
Eduardo destaca que a reação em cadeia na operação das empresas é grande e deve impactar as obras tocadas, já que o custo com asfalto é um dos mais impactantes neste mercado.
"Nos últimos meses - pelo menos um ano e meio, o preço do asfalto não variou muito, por isso que esse aumento de 10% está chamando tanto a nossa atenção. Aí já estamos preocupados com o impacto em contratos em andamento, de ter que pedir reequilíbrio de preço para conseguir continuar a fazer algumas obras", pontua.
Ele acrescenta que esse tipo de negociação costuma ser "traumática", requerendo tempo, o que pode tornar a continuação de alguns projetos inviável. "Por exemplo, uma empresa vai fazer uma obra de asfalto em cima de ruas de calçamento, como a grande maioria das obra de prefeitura demandam: Nestes casos, o custo do asfalto representa mais de 40% do orçamento".
O anúncio do reajuste da Petrobras veio no último dia 15/8, quando aumentou os preços da gasolina em 16,3% e do diesel em 25,8% nas refinarias. A partir daí, outros combustíveis e derivados foram afetados. O querosene de aviação (QAV) é outro exemplo, com aumento de 4,3%.
Ao O POVO, a Grepar informa que o processo de transição para assumir a operação da Lubnor já foi iniciado e que o grupo junto da Petrobras "vem realizando esforços para concluir esse processo antes do fim deste ano". Sobre a reclamação dos empresários, associando a nova gestão ao encarecimento do asfalto, responde, dizendo que não participa ou tem qualquer conhecimento ou envolvimento do reajuste.
"É de responsabilidade exclusiva e integral da Petrobras a política de preços e abastecimento do mercado até a data do fechamento da operação", diz em comunicado.
Procurada, a Petrobras não respondeu à reportagem. O POVO ainda questionou a Secretaria da Infraestrutura do Ceará e a Superintendência de Obras Públicas (SOP) para saber do impacto do reajuste nas obras do Estado, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.